domingo, 1 de junho de 2014

Opinião - Terra Incognita, Vladimir Nabokov

Edição: 2011
Páginas: 69
ISBN: 0141196165
Goodreads: mais informação aqui.


Sinopse

"These three stories of menace, magic and melancholy display Vladimir Nabokov's astonishing range and inventiveness. Whether describing an escape across a surreal tropical landscape, a fateful meeting or an unexpected - and threatening - return, each tale shows his dazzling sleight of hand, intellectual playfulness and fantastical imagination. This book includes "Terra Incognita", "Spring in Fialta" and "The Doorbell"."


Opinião

Desde que tive a oportunidade de ler Lolita que Nabokov passou a ocupar um lugar na minha lista mental de escritores verdadeiramente extraordinários, pela habilidade no uso da palavra tanto para contar histórias como para criar personagens reais, com as quais criamos laços. Daí veio o meu interesse por este livro, pequeno para variar, mas com o estilo inconfundível de quem cria frases como moldaria barro. Fica a minha opinião sobre cada um dos contos.


Terra Incognita


 

"The noonday sky, now freed of its leafy veils, hung oppressively over us with its blinding darkness - yes, blinding darkness, for there is no other way to describe it. (...) however, I had only to look directly at them and they would vanish, and again the tropical sky would bloom, as it were, with even, dense blueness."

Começamos por nos encontrar num local estranho, com pessoas estranhas, as quais o narrador é frugal a descrever. Já a natureza que os rodeia toma um lugar de maior destaque. Aos poucos vamos percebendo o que se passa, apurando intenções e se há ou não algo de místico a envolver o nosso narrador. Para mim, este conto é sobre o sonho e a incessante perseguição do mesmo.

Spring in Fialta




"(...) among the amethyst-toothed lumps of rock and the mantlepiece dreams of seashells. The air osteopata windless and warm, with a faint tang of burning. The sea, its salt drowned in a solution of rain, is less glaucous than gray with waves too sluggish to break into foam."


Victor e Nina conhecem-se por acaso, encontram-se e desencontram-se por acaso, mas o destino parece não querer separá-los permanentemente. Neste novo encontro fortuito, que ocorre num local próximo do coração de Victor, este é levado a reflectir sobre os seus sentimentos para com Nina, e no futuro de ambos.

Uma homenagem ao amor platónico, às fantasias juvenis que se alojam no nosso coração mesmo quando já não acreditamos em amores impossíveis (ou quando passamos a acreditar, dependendo do ponto de vista). Apesar de a história em si ter um travo de tristeza que não conseguimos ignorar, também se acompanha de uma doçura que nos consola. O final é inesperado, mas combina com a personalidade efémera de Nina.


The Doorbell




Separado da sua mãe pela guerra, e depois pela suas contínuas viagens, Nikolay resolve finalmente procurá-la, numa nova cidade que se lhe apresenta para ser explorada. Este conto põe em contraste, de várias maneiras diferentes, a procura do novo, do desconhecido, com o reconhecimento das nossas raízes e daquilo que temos guardado no baú de memórias. Quando nos sentimos tão angustiados como as personagens, sem sequer saber bem porquê, é sinal de que estamos a ler um dos grandes mestres. Dos três contos, é aquele que Nabokov deixa mais aberto à interpretação do leitor.



2 comentários :

  1. De Nabokov só li Lolita, mas a tua opinião deixou-me curiosa em relação a este :)

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    1. Lolita é um doa meus livros favoritos, por isso quis experimentar estes contos. Se gostas do género aconselho! Eu própria fiquei com vontade de ler mais obras dele.

      Boas viagens,
      Bárbara

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