quarta-feira, 29 de julho de 2015

Opinião - As Cinquenta Sombras de Grey, E.L. James

Sinopse:

"As Cinquenta Sombras de Grey é um romance obsessivo, viciante e que fica na nossa memória para sempre. Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo para um jornal universitário. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, sombrio, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta – os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor? As Cinquenta Sombras de Grey é o primeiro volume da trilogia de E.L. James que é já o maior fenómeno literário do ano em todos os países onde foi publicada, da Austrália aos Estados Unidos, da Inglaterra à Nova Zelândia."

Opinião:

Anastasia Steele e Christian Grey são os protagonistas do aclamado romance As Cinquenta Sombras de Grey de E.L. James. Perante todo o mediatismo que envolveu a trilogia a que este livro pertence foi inevitável não conseguir acalmar a minha curiosidade até conhecer o famosíssimo Mr. Grey.

A verdade é que a minha estreia pelos populares romances eróticos veio a revelar-se uma leitura viciante, adequada para desligar da velocidade frenética da rotina e entrar num conto de fadas dos tempos modernos.

Não contem com uma obra-prima da literatura, é puro entretenimento, sem pretensões de ser mais que isso. É o que é. A escrita é básica e linear, sem frases poéticas ou segundas intenções. E em boa verdade, floreados semânticos pouco serviriam ao propósito, pois, à medida que a leitura avança, a nossa atenção fica demasiado ansiosa à espera da próxima vez que Anastasia morda o lábio ou revire os olhos a Christian e tenha o castigo que merece. Talvez para pessoas mais sensíveis aconselharia a versão original, porque, como diz a música, A língua inglesa fica sempre bem, e neste caso cortaria alguma agressividade e frontalidade ao nosso calão.

Sim, dou a mão à palmatória, não é uma narrativa brilhantemente elaborada, as suas personagens não vão marcar lugar nas grandes figuras do que os entendidos consideram a Literatura (que blasfémia seria sentar lado a lado Mr. Grey e Mr. Darcy!), mas salvo alguma rara excepção, que sempre as há, é humanamente impossível o leitor não se apaixonar por Mr. Grey: um adorável ser, possuidor daqueles meios sorrisos de fazer parar o tempo, com a capacidade de usar uns jeans como quem usa um fato feito à medida, amável, inteligente, irrelevantemente milionário e acima de tudo imperfeito, autoritário, arrogante, controlador e possessivo, escondendo-se nas suas confortáveis cinquenta sombras. O seu olhar sombrio e perturbado aliado à sua alma destroçada traz em si a possibilidade semi-mágica da salvação, e é aí que reside grande parte do sucesso deste romance.

Mais do que um livro sobre sexo, como me pareceu ser vendido, é um livro sobre uma relação, como são todas, com as mesmas dúvidas e incertezas, com as mesmas exaltações e sonhos. É um elogio à aceitação do outro, é um descortinar de como às vezes é doloroso trazer ao de cima o que no outro se esconde, mas com a certeza que a cada passo na sua direcção a distância se vai tornando menor.

Não compro a premissa que por aí li várias vezes que Mr.Grey tenta mudar o que é pela Anastasia. As pessoas não mudam, mas quando se apaixonam verdadeiramente e permitem que alguém se aproxime deixa de compensar o esforço de segurar a máscara com a qual se escondem.

Se é evidente a minha muitíssima empatia pelo Christian, não simpatizei desde logo com a Miss Steele, talvez porque ad inicium a associei ao fácies apático e insosso da actriz escolhida para lhe dar vida no grande ecrã ou por ser demasiado vulgar, sem densidade psicológica ou personalidade marcada, em comparação com o sui generis Mr. Grey, um expoente máximo da excentricidade, alguém a quem o adjectivo peculiar apenas assenta como um eufemismo.

Fiquei sempre à espera que a Ana se tornasse mais espirituosa e reivindicativa, principalmente quando se torna evidente quem tem, efectivamente, a faca e o queijo na mão, ou o chicote e o açoite, se preferirem. Mas mais para o final do livro já a conseguia ver no bom caminho. E as conversas que ela vai tendo com o seu subconsciente e com a sua deusa interior são deliciosas, divertidas e a transparecer receios muito genuinamente humanos.

Apesar das suas cerca de 500 páginas As Cinquenta Sombras de Grey foram avidamente devoradas e quando o final chegou trouxe com ele a vontade de saber mais, a expectativa e a certeza de que uma gravata nunca mais voltará a ser só uma gravata.



As Cinquenta Sombras de Grey foi recentemente adaptado ao cinema. Aqui fica o trailer para quem ainda não tiver, como eu, assistido a esse fenómeno de bilheteira.


2 comentários :

  1. Eu estou a terminar o primeiro livro da saga e francamente estou a gostar ! Nunca pensei que o livro fosse tão especifico mas o que me interessa e o que me cativa mais é a relação entre estas duas personagens. De certeza que irei comprar o segundo livro !

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    1. Olá Catarina :)

      Concordo contigo, o que acaba por interessar mais é a forma como evolui a relação entre o Anastasia e o Christian, algo que vai sendo construindo de uma forma muito peculiar :)

      Eu também só descansarei quando tiver a trilogia completa na minha estante!

      Boas Viagens,
      Tomé

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