terça-feira, 1 de setembro de 2015

Opinião - "Half Wild - Entre o Humano e o Selvagem", Sally Green

Esta opinião contém alguns spoilers para o primeiro livro da série, Half Bad. Podem ler a minha opinião sobre o livro aqui!

Edição: 2015
Páginas: 336
Colecção: Via Láctea Nº 124
ISBN: 978-972-23-5618-3
Goodreads: mais informação aqui.

Sinopse

“Nathan consegue finalmente escapar do cativeiro. Depois de encontrar o seu pai e de este lhe oferecer um dom poderosíssimo, completando assim os três dons que o confirmam como bruxo adulto, o jovem sabe, contudo, que ainda não se encontra a salvo e que tem de continuar a fugir.

Porque de um lado estão Bruxos Negros que o odeiam e do outro, os Bruxos Brancos que desejam a sua captura. No meio deste conflito, Nathan tem de conseguir encontrar o seu amigo Gabriel e resgatar Annalise, a jovem que ama e que está prisioneira de temível bruxo negro, Mercury. Mas para ser bem-sucedido, Nathan sabe que terá de aprender a controlar o seu próprio poder...

Half Wild é a continuação do livro Half Bad - Entre o Bem e o Mal, aclamado internacionalmente pela crítica e pelo público.”


Opinião

"Half Wild - Entre o Humano e o Selvagem" foi-nos gentilmente oferecido pela Editorial Presença.

Um pouco mais de um ano após ter experienciado Half Bad, a leitura de Half Wild foi como encontrar um velho amigo, encontro esse que teve tanto de intenso como de fugaz. A reacção ao terminar não foi muito diferente – estava ansiosa por progredir na história, até chegar a temida página de Agradecimentos…

Após o atribulado encontro com Mercury, e os eventos que se seguiram, o momento esperado por Nathan durante toda a sua vida – o reencontro com o seu pai, Marcus – não foi mais do que isso, um momento, tendo este ficado tão só como esteve durante os anos passados na jaula com Celia como sua carcereira.

Nathan tem o seu Dom, mas não é o que esperava e não tem a certeza de que seja uma coisa boa. E não tem aquilo que mais quer, e precisa, consigo – Annalise e Gabriel, em segurança.

Nathan só quer viver em paz e manter aqueles que lhe são mais próximos a salvo, mas para isso terá de se juntar a uma Guerra que não vê como sua. Código Misto, Rafeiro, Meio Branco, cruel Bruxo Negro – todos têm um rótulo para ele. Só Nathan parece ainda não ter descoberto quem é.

Em Half Wild, Sally Green mantém o estilo de escrita a que nos habituou no primeiro livro, de que gosto imenso. É fluido, mas ponderado, com descrições que nos levam verdadeiramente a sentir as personagens. E não precisam de ser grandes discursos – a narrativa está tão intrinsecamente ligada a Nathan que parece uma linha directa para a sua mente, para a sua personalidade.

Talvez seja por isso, e por, na minha opinião, ser uma personagem tão complexa, que é tão fácil empatizar com o protagonista desta série, apesar da sua atitude dura e fechada. O jovem bruxo continua a lutar contra a sua identidade – não é fácil estar no meio de duas facções opostas, e ser excluído por ambas.

Às personagens que já existiam juntou-se um leque de recém-chegados não menos interessantes. Destaco os companheiros de viagem de Nathan, Van e Nesbitt, a primeira pelo incontestável poder que nada retira à sua elegância, e o segundo pela maneira de demonstrar lealdade e amizade pelos que lhe são próximos. E, claro, penso que a maior surpresa é Marcus – deixarei o leitor conhecê-lo pelos olhos de Nathan, que será sempre mais aliciante.

Não posso deixar de mencionar Gabriel, “o amigo perfeito”, a ligação à Terra de Nathan quando este mais se deixa levar pela incerteza. Se já em Half Bad tinha sentido uma ligação ao jovem bruxo-tornado-fulvo, agora posso dizer com certeza que é uma das minhas personagens favoritas. Poderá parecer que não, mas na minha opinião Gabriel é uma das personagens mais fortes da triologia. 

Um dos grandes temas do livro, e da própria série, é o que faz de alguém bom ou mau, e essa é uma pergunta que assombra Nathan. Matar para se defender, matar em combate, escolher não matar um prisioneiro – o que diz tudo isto de uma pessoa? E, por outro lado, amar alguém profundamente, fazer de tudo para os salvar, é uma acção tão boa que apague as más? Refleti bastante enquanto lia o livro – era, talvez, uma visão curiosa, pois não havia capítulo em que não tivesse de parar e ficar a olhar para o ar com o livro fechado à minha frente por uns momentos.

Algumas dessas reflexões foram também sobre o amor. Que coisa horrível, amor num livro de acção fantástico, cujo protagonista é um adolescente. Mas não é.

O amor inocente de Nathan por Annalise começa enquanto os dois ainda são demasiado jovens para o reconhecer como tal, mas de que ele vai cuidando e fazendo crescer dentro de si até se poderem reencontrar. E, caso não tenha ficado claro, há outra personagem que, ela sim, soube que se tinha apaixonado por Nathan logo que conheceu, apesar de ele estar sempre zangado com todo o mundo.

Penso que Green nos quer mostrar, com este triângulo (que não chega a fechar…) que o amor não são palavras, não são frases bonitas ditas ou escritas. O amor é algo que se sente e se faz, que se pode dizer de tantas maneiras que não é possível contá-las, que tanto pode ser esperar, como partir.

E enquanto isso teremos nós de esperar, pois o terceiro e último livro da série, Half Lost, será lançado em 2016. Entretanto, há um outro livro da autora que se passa no mesmo universo – Half Lies, a história de Gabriel e Michele, a sua irmã (mencionada em Half Wild).
 
No País de Gales...

Se não tinham ficado convencidos com a minha opinião do primeiro volume, espero que possam reconsiderar a decisão – a triologia Half Life é de grande qualidade, tanto em termos de escrita como da história e do mundo fantástico criado por Green. Se gostam de magia e fantasia, personagens fortes com personalidades diferentes, e do sentimento da luta pela liberdade e por um ideal, Half Bad e Half Wild são livros a acrescentar à vossa lista.


Para mais informações sobre o livro, consulte o site da Editorial Presença aqui.

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