quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Opinião “A Memória da Chuva”, Sandra Freitas

Sinopse:

“Pode um amor sobreviver ao presente, à amargura e à doença? Podem o tempo e o destino mudar algo que já existiu para perdurar? Pode uma doença unir duas pessoas que já desistiram do amor? A Memória da Chuva é a história de Jorge e Inês, protagonistas numa relação desencontrada e separados por um passado misterioso que a ambos parece revoltar, confundir e perseguir, mesmo no presente das suas vidas adultas. Quando o destino lhes oferece nova contrariedade, as dúvidas e inseguranças são mascaradas por um desejo inconsciente de proteção. No entanto, há coisas contra as quais podemos lutar e outras não. O amor não devia falhar por causa de equívocos, mas pode facilmente falhar por situações que estão fora do alcance humano.”


Opinião:

Para começar tenho que dizer que gostei muito desta obra! Como tal, como sabem, quando isto acontece é-me sempre muito difícil transpor o que penso e o que senti em palavras. No entanto, como é habitual vou tentar transmitir tudo o que quero da melhor forma!

Tive conhecimento da sua publicação através das redes sociais e da blogosfera. E como com qualquer novidade, analisei a capa, a sinopse, entre outras coisas. A sinopse pareceu ser do meu agrado e a capa com um fundo que me é tão conhecido – o Porto/Gaia com a bela ponte D. Luís – também me chamou à atenção. Mas o que me fez mesmo decidir ler o livro foi reparar no pequeno/grande pormenor de esta ter a revisão feita pela Célia Loureiro – autora de “A Filha do Barão”. Assim, foi com uma enorme curiosidade e vontade de ler que solicitei um exemplar da obra à Chiado Editora para leitura e opinião, a quem deixo desde já aqui o meu agradecimento!

Quando recebi o meu exemplar, olhei com atenção para ele e pensei – “Fogo, que grande! Será que não será maçuda a escrita?”. Não! Não senti em nenhuma parte da obra descrições exageradas nem pormenores desnecessários. Aliás, apesar das suas 478 páginas, li-o de um folgo só! Repleto de uma escrita simples, mas não banal, somos facilmente conquistados por Sandra Freitas! Por outro lado, para além desta escrita simples e acessível, também a maneira como a história é conduzida e narrada ajuda a que o leitor tenha uma leitura muito agradável! Sem quebras no discurso e na sequência dos acontecimentos, para primeira obra da autora, esta pareceu-me perfeita! Claro está que não tenho nenhum curso de literatura e não é meu objectivo analisar criticamente a qualidade linguística da obra, no entanto, considero que apesar de não estarmos perante uma obra complexa, linguisticamente brilhante e trabalhosa, com metáforas e interpretações, esta não perde nada com isso! É, na minha opinião, uma obra que é como tinha de ser! E depois, é tão bom ler em Português! Não sei se partilham desta minha opinião, mas é tão diferente literatura traduzida da literatura nacional! Casa, doce casa!

No que diz respeito à história em si, ainda me encontro presa a ela! A narrativa desenrola-se em torno da vida de Inês e Jorge. Separados por um equívoco que ambos desconhecem, reencontram-se ao fim de 12 anos! E com este reencontro, tudo muda na vida de ambos! É incrível como por muito que tentemos afastar um amor verdadeiro, este teima em ficar, em magoar, em nos fazer sentir – eu estou aqui! E com isto, provavelmente já estão a pensar – vai ser um livro lamechas! E aqui volto a dizer que não! Pelo menos para mim não atingiu as proporções lamechas inaceitáveis! :) É um livro muito bonito sim, capaz de envolver o leitor e fazer-nos torcer por todas as personagens que dele fazem parte!

Mas como não consigo encontrar as palavras adequadas para descrever exactamente aquilo que sinto, deixo aqui aquilo que a sinopse tão bem diz:

“Quando o amor colide com a doença.”
“O amor não devia falhar por causa de equívocos, mas pode facilmente falhar por situações que estão fora do alcance humano.”

E face a isto, sou forçada a concordar que “o amor não devia falhar por causa de equívocos”, mas também não devia falhar por situações fora do alcance humano! No entanto, todos sabemos que pode! Com conhecimentos para falar sobre o tema a que se propõe, a autora não dramatiza a doença! Fala sobre ela como ela realmente é! E conseguimos facilmente colocar-nos no lugar de Inês! Apesar de compreendermos o que possivelmente sentem os nossos doentes, nunca o compreendemos verdadeiramente até passarmos por algo semelhante!

Assim, convido-vos a ler esta obra de uma nova autora portuguesa – Sandra Freitas – enfermeira de profissão – que brilhantemente nos transmite a realidade crua e dura em que vivemos e, ao mesmo tempo, a beleza do amor verdadeiro! Ficou aqui a vontade de voltar a ler as próximas obras da autora!

Uma obra comovente, mas real! :)



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