domingo, 4 de dezembro de 2016

Opinião "Os Três", Sarah Lotz

Sinopse

“O dia que nunca será esquecido. 
O dia em que há quatro acidentes de avião, em simultâneo, em diferentes pontos do globo.
E três crianças sobreviveram. 

O mundo vive atordoado com a trágica coincidência. À beira do pânico global, as autoridades são pressionadas a encontrar as causas que motivaram os acidentes. Com terrorismo e desastres ambientais fora da equação, não parece haver uma correlação lógica, tirando o facto de ter havido uma criança sobrevivente em três dos quatro acidentes. 
Intituladas Os Três pela imprensa internacional, as crianças exibem distúrbios de comportamento, presumivelmente causados pelo horror que viveram e pela pressão da comunicação social. Esta pressão torna-se ainda mais intrusiva quando um culto religioso liderado por um ministro fanático insiste que as crianças são três dos quatro profetas do Apocalipse. E se, para mal de toda a Humanidade, ele tiver razão?“

Opinião

Comecei a ler este livro com expectativas altas: grande erro. E sei que as expectativas altas são a chave para arruinar qualquer leitura, mas não o consegui evitar. Estava perfeitamente alinhado com os meus apetites livrólicos do momento e parecia ter tudo o que aprecio num livro do género: uma premissa cativante, personagens misteriosas e um formato diferente do habitual.

De facto, após ter lido o livro, continuo satisfeita com essas três características e com outras mais: o ritmo, a curiosidade que foi capaz de aguçar a cada virar de página, a inclusão da dicotomia religião-ciência, a progressiva construção das personagens… Porém, fiquei profundamente desiludida com o final. Não por ser de uma maneira ou de outra, mas por não ser de forma nenhuma. Numa obra em que era obrigatório um final forte, a autora decidiu evitá-lo. Em vez de construir um alicerce forte, e possivelmente até uma premissa para iniciar uma saga com qualidade, escolheu um final vago e sem respostas. Na verdade, estava à espera que assim fosse, mas tive esperança de estar errada até ao final. Escusado será dizer que fiquei com muitas perguntas por fazer, e com aquela sensação frustrante de sentir que as respostas não existem no universo imaginário que foi criado por Sarah Lotz.

É caso para dizer que a viagem foi interessante, mas o destino não, e voltaria a ler a obra por isso mesmo. No entanto, as expectativas altas que tinha antes de ler “Os Três” não se mantêm para a sequela (“Day Four”, ainda não traduzida para português). E penso que talvez seja o segredo para apreciar esta obra: esperar menos dela, não procurando explicações para além do que ela nos oferece.


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