sábado, 27 de outubro de 2018

Opinião " Anna e o Homem-Andorinha", Gabriel Savit

Sinopse

"Uma história sobre a perda da inocência perante a tragédia.

Cracóvia, 1939. Um milhão de soldados marcham e mil cães ladram. Este não é um lugar para crescer. 
Anna tem apenas sete anos no dia em que o alemães levaram o seu pai, professor de Linguística, durante a purga de intelectuais na Polónia. Está sozinha quando encontra o Homem-Andorinha, um astuto trapaceiro, alto e estranho, com mais de um ás na manga; um impostor que consegue até que os soldados com quem se cruza só vejam aquilo que ele quer que vejam.

O Homem-Andorinha não é o pai de Anna - ela sabe-o bem -, mas também sabe que, como o seu pai, está em perigo e, também como o seu pai, tem o dom das línguas: fala russo, polaco, alemão iídiche e a linguagem dos pássaros. Quando o misterioso indivíduo consegue que uma bela andorinha lhe pouse na mão para que Anna deixe de chorar, a menina fica encantada. E decide segui-lo até onde ele for. 
Ao longo da viagem, Anna e o Homem-Andorinha escaparão a bombas e a soldados e também farão amigos. Mas, num mundo louco, tudo pode ser um perigo. Também o Homem-Andorinha."


Opinião

Começo por agradecer à Suma de Letras pela amabilidade ao ceder um exemplar do livro Anna e Homem-Andorinha ao Bloguinhas Paradise

Quer a sinopse quer as críticas que li, previamente a ter nas mãos este romance, despertaram em mim alguma curiosidade, fecundando-se assim uma pequena expectativa que foi, rapidamente, defraudada. 

Gabriel Savit dá-nos a conhecer Anna, uma criança de sete anos, e o Homem-Andorinha, um sui generis indivíduo; juntos formam uma peculiar dupla que viaja na penumbra da Segunda Guerra Mundial. Não consegui estabelecer ligação com nenhum deles, por serem tão insólitos que a falta de verosimilhança criou por si só um distanciamento. 

Anna e Homem-Andorinha é um obra aborrecida, o desenrolar lento da narrativa alia-se a uma sucessão de desconexos acontecimentos causando no leitor uma desconfortável confusão. A narrativa é nos entregue através dos olhos de Anna e, ainda que perceba essa escolha, a perspectiva que temos do que está a acontecer é demasiado infantil para criar um impacto. 

A escrita do autor é simples, sem floreados, o que não seria um problema se ele não escrevesse completamente alheado do conceito de figuras de estilo, tendo em conta a atrocidade que comete com o frequente emprego de metáforas que acaba por explicar. 

O autor parece ter uma vontade desenfreada de fazer erguer um livro de culto ao usar como palco um tema propício a isso, mas que igualmente já foi muito desgastado em inúmeras páginas de livros mais ou menos interessantes, pelo que seria necessária uma base mais sólida e uma mestria para alcançar tal aspiração, que talvez não fosse possível na estreia de Gabriel Savit. 

Apesar do tédio frequente, concluí a leitura para chegar a um final que também não me convenceu. Embora tenha sido um livro que não me comoveu, parece ter tido esse efeito em muitos leitores, provavelmente por exaltar a perda da inocência e da fantasia da infância num mundo bombardeado por crueldade e tragédia. 

Ressalvo, porém, a tentativa bonita de ser um elogio ao que realmente importa, mesmo em situações limite, a Amizade, o Amor e a Felicidade das pequenas coisas podem e devem prevalecer.


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