domingo, 29 de novembro de 2020

Opinião "A Balada dos Pássaros e das Serpentes", Suzanne Collins


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Sinopse


A ambição é o seu estímulo.
A competição a sua força motriz.
Mas o poder tem um preço.

É a manhã da ceifa, que dará início aos décimos Jogos da Fome. No Capitólio, Coriolanus Snow, então com dezoito anos de idade, está a preparar-se para o seu momento de glória como mentor nos Jogos. A outrora poderosa casa de Snow vive tempos difíceis e o seu futuro depende da possibilidade de Coriolanus usar o seu charme, inteligência e engenho para vencer os seus colegas na luta por um tributo vencedor.

As probabilidades estão contra ele, pois recebeu a humilhante tarefa de orientar a rapariga do Distrito 12, a tributo menos desejada. Os seus destinos encontram-se definitivamente interligados - cada decisão que Coriolanus tomar poderá levar ao sucesso ou insucesso, ao triunfo ou à ruína.

Dentro da arena, a luta será até à morte. Fora da arena, Coriolanus começa a afeiçoar-se à sua tributo condenada e tem de confrontar a necessidade de obedecer às regras com o seu desejo de sobreviver a todo o custo.

Opinião


A Balada dos Pássaros e das Serpentes, a prequela tão aguardada da trilogia Os Jogos da Fome, tem lugar aquando da décima edição dos jogos, aqui conhecemos Coriolanus Snow, então com dezoito anos, e prestes a participar como mentor de um dos tributos.

Com o fim da guerra, a família Snow vive apenas de aparências, paupérrimos, dependem de Coryo e do seu talento inato para encantar e manipular. Vencer é obrigatório, para tirar a família da miséria e levar o seu nome a bom porto.

Snow fica com o fraco tributo do distrito 12, Lucy Gray, uma cantora que diz não pertencer a nenhum distrito, livre como um pássaro! Snow e Lucy Gray tornam-se próximos, mas será o nosso vilão capaz de amar?

Parti para esta leitura a acreditar que Suzanne Collins ia tentar desmontar a personagem de Snow para empatizarmos com ele, para justificar as suas acções, afinal Snow é um sobrevivente, ficou órfão e viveu os horrores da guerra, todas as suas circunstâncias poderiam servir como uma lanterna iluminando o caminho até à tirania.

Neste aspecto a autora superou as minhas expectativas, porque apesar de nos dar a conhecer a trágica infância de Snow, nos mostra muito mais um caso de sociopatia inata, alguém cuja ambição fria e desmedida sempre tomou as rédeas da sua vida e moldou as suas decisões. Snow sempre teve opções e sempre escolheu o poder como se não tivesse alternativa. Vemos neste livro a escalada deste antagonista desde as pequenas às grandes decisões, privilegiando o conforto e a segurança, apenas alcançáveis por meio do poder. Controlar o caos, o fruto da liberdade dos outros, é imperioso para manter a ordem.

Mesmo quando achamos que estamos a ver um vislumbre de uma história de amor apercebemo-nos que Snow quer apenas possuir Lucy Gray, quer que ela seja sua, e apenas se isso não perturbar o seu conforto.

O único defeito deste livro e que me impediu de lhe dar as 5 estrelas é ele ser demasiado grande, apesar de ter muita acção esta acabar por dispersar e a leitura perde velocidade, até que as páginas finais nos agarram completamente. Não senti a mesma vontade de devorar as páginas que me assolapou aquando da trilogia, e se calhar é por isso que tenho lido tão más críticas a este livro, mas a verdade é que A Balada dos Pássaros e das Serpentes é um livro mais maduro e que exige uma leitura mais pausada. Esta narrativa debruça-se sobre jogos de poder, sobre a guerra e os seus dois lados, sobre quem somos quando ninguém está a ver.

A natureza humana, as nossas escolhas, o que fazemos quando somos levados ao limite são questões que nos surgem, e muitos diálogos fazem nos parar de ler e reflectir “isto está certo ao errado?”, a manipulação e a forma como usamos as palavras são fundamentais para iniciar guerras e rebeliões. E no fim sobra apenas o nosso carácter.

Snow lands on top, o lema desta família, é uma chapada de realidade, porque as mais das vezes são os Snows deste mundo que, infelizmente, chegam mais longe.

Uma leitura obrigatória para os fãs da trilogia, um bom livro que nos faz pensar na eterna luta entre a liberdade e o controlo. 
 
 
Obrigada Editorial Presença


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