sábado, 26 de julho de 2014

Opinião- "No Meu Peito Não Cabem Pássaros", Nuno Camarneiro

Sinopse

"Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de Nova Iorque a um rapaz misantropo que chega a Lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros. Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo.
 
Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance - três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar. Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles. Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, No Meu Peito não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens."




Opinião

No Meu Peito Não Cabem Pássaros é uma obra com uma estrutura muito própria. Os capítulos são curtos, denunciando a experiência em microcontos do autor, e alternam as histórias de Fernando, Jorge e Karl, personagens em pontos muito distantes do planeta e da vida. As três narrativas dão a conhecer várias outras personagens, algumas bastante peculiares, como Roberto e Thomas, com quem as principais se vão cruzando.

Devo dizer que o livro me cativou. Cada um dos capítulos está escrito de uma forma exímia, e o autor leva o leitor por uma viagem ao íntimo de cada uma das personagens através da narração de momentos das suas vidas. Utiliza a linguagem com mestria, misturando por vezes realidade com imaginação, momentos comuns com reflexões profundas, sempre com uma forma muito própria de ver e contar os acontecimentos, através da lente de cada uma das três personagens.

É um livro para saborear, parar e voltar atrás. Para pensar, reflectir e reler com atenção. Para apreciar cada capítulo, e o facto de cada um deles "tirar fotografias" de momentos por vezes normais de uma forma tão extraordinária.

Tenho apenas a apontar o facto de a sinopse, a meu ver, não corresponder totalmente ao ponto central do livro. Dá uma importância demasiado grande à passagem dos dois cometas e, apesar de ser narrada a forma como cada personagem encara este acontecimento, não é em torno disso que a história gira. O ponto central são sim as três personagens, e a forma como evoluem ao longo da passagem do tempo, consoante a vida vai passando por elas e deixando as suas marcas.

Recomendo vivamente a leitura desta obra, especialmente para quem gosta de literatura portuguesa. É um livro que convida o leitor a saborear cada frase, e em que a linguagem eleva a narração da história a um outro patamar.


6 comentários :

  1. Não levem a mal.. não vou ler a opinião ainda porque ainda não li o livro, mas assim que ler venho cá :p

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    1. Olá!

      Não levamos de todo a mal! Esperamos que o livro lhe agrade e que regresse em breve para a opinião 😊

      Boas viagens,
      Isabel

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  2. Ois,

    Parece interessante, um bom livro tem que ter sempre personagens interessantes, pelo menos para mim se não houver personagens interessantes dificilmente o livro me cativa :)

    Bjs e boas viagens

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    1. Olá!

      Concordo totalmente! Personagens bem construídas e complexas são um elemento essencial de um bom livro. :)

      Boas viagens,
      Isabe

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  3. Quero muito ler este livro :)

    Boas leituras *

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    1. Olá!

      Vale muito a pena lê-lo, de facto!

      Boas viagens,
      Isabel

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