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domingo, 25 de outubro de 2020

Opinião "A luz entre os oceanos", M.L. Stedman

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Sinopse

Regressado dos horrores da Primeira Guerra Mundial, Tom Sherbourne aceita ocupar o posto de faroleiro numa remota ilha ao largo da costa oeste australiana. A ilha proporciona refúgio e consolo para os fantasmas do passado, e Tom e a mulher, Isabel, estão satisfeitos com a sua vida, exceto com não conseguirem ter filhos.

Numa manhã de abril, um barco dá à costa. Nele encontram-se um homem sem vida e um bebé a chorar. Isolados do mundo real, Tom e Isabel decidem quebrar as regras e seguir o que o coração lhes diz. Mas a sua decisão terá consequências devastadoras...

Agora adaptado ao cinema, A Luz entre Oceanos é um romance delicado e comovente onde o amor incondicional de uma mãe pela filha e a dor de uma mulher que não pode ter filhos se sobrepõem, esbatendo as fronteiras do bem e do mal.

Opinião 

 *pode conter spoilers*

A Luz Entre Oceanos, de M.L. Stedman, é um drama comovente que nos leva numa viagem entre o bem e o mal, mostrando-nos que a fronteira entre ambos nem sempre é tão clara e forte como a luz de um farol.

Tom é um homem de valores e cumpridor das regras, como todos os faroleiros o devem ser, atendendo à responsabilidade da sua profissão. Isabel é uma mulher alegre e de boas famílias, de boa índole.

Ambos vivem sobrevivendo às mazelas da Primeira Guerra Mundial, Tom por ter participado nela, Isabel por ter perdido para ela ambos os irmãos e de certa forma os próprios pais. Tom e Isabel apaixonam-se, e ficamos felizes porque eles merecem. Após o casamento mudam-se para Janus Rock, uma solitária ilha ao largo da costa oeste australiana, onde apenas podem contar um com o outro.

Isabel sofre três abortos consecutivos, sozinha e longe de tudo o que sempre conheceu, apoiando-se em Tom, inabalável e disposto a fazer tudo para a ver feliz. Por isso, quando um barco dá à costa com um homem sem vida e um bebé a chorar, Isabel pensa que é um milagre e decidem que devem aceitar a dádiva que Deus lhes enviou. Uma decisão que terá consequências devastadoras. Tom começa a afastar-se à medida que os remorsos o assombram e ao descobrir que na costa uma mãe ainda aguarda a chegada do seu bebé, que se perdeu no mar devido a uma quezília que nos revolta as entranhas.

A Luz Entre Oceanos é um livro que não nos deixa indiferentes porque ficamos revoltados com o curso da narrativa e com as decisões dos personagens, e gritamos que é errado o caminho que elas escolhem, mas ao mesmo tempo vemos o seu sofrimento e como as decisões que tomam estão na dependência da bagagem que carregam. Não conseguimos dizer taxativamente eu nunca faria isso porque nunca passamos por o que elas passaram.

Como disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset Eu sou eu e minha circunstância, e neste livro todas as personagens, sem excepção, foram marcadas pelo infortúnio e pela desgraça e respondem às adversidades da melhor maneira que sabem e conseguem.

Chorei durante todo o último capítulo, o que é raro acontecer-me, e me faz acreditar que este livro mexe de facto com os nossos sentimentos e valores, terminando com uma mensagem de amor e perdão.

"O certo e o errado podem ser como cobras: tão entrelaçados que não consegues distinguir qual é qual até os matares a ambos, e depois é demasiado tarde."