
Sinopse
Aclamada como uma das maiores obras-primas sobre a temática da morte, esta é a história de Ivan Ilitch, um juiz respeitado que, apercebendo-se da morte próxima, se interroga sobre as suas escolhas, percurso de vida e a mentira em que vive.Opinião
Ainda não me tinha aventurado na literatura russa e decidi começar por este pequeno grande livro, A Morte de Ivan Ilitch, uma leitura cinco estrelas, um daqueles livros que se tornam instantaneamente livros da vida e que sabemos que vamos reler sempre que precisarmos.A Morte de Ivan Ilitch debruça-se, como o título indica, sobre a morte do protagonista, um homem comum, que adoece e percebe que está a morrer. Esta curta narrativa faz-nos reflectir sobre a nossa finitude, a nossa mortalidade, que apesar de ser tão comum e inevitável é como se a ignorássemos, e quando confrontados com ela o choque é avassalador.
Toda a sua vida, Ivan viveu de acordo com o que era suposto, sem grandes excessos, e só perante a morte equaciona o sentido da sua vida, parecendo-lhe que as boas recordações são apenas aquelas que remontam à sua infância. A sua relação com os outros é algo distante o que se exacerba com o aproximar do seu fim. Na verdade morremos sozinhos, mesmo que as pessoas que nos rodeiam nos apoiem, a derradeira caminhada pertence apenas ao moribundo, sozinho nesse caminho e sozinho a pensar nos porquês, porquê tanto sofrimento para um fim inexorável.
A Morte de Ivan Ilitch, apesar de ser um livro breve, é carregado de uma profundidade que nos atinge como uma lança e nos desperta para a consciencialização de que vamos morrer, e do quão absurdo isso nos parece embora o natural seja morrermos.
“Chorou pelo seu desamparo, pela sua horrível solidão, pela crueldade dos homens, pela crueldade de Deus, pela ausência de Deus.”