sábado, 7 de setembro de 2019

Opinião "Eleanor & Park", de Rainbow Rowell

Sinopse 

Dois inadaptados. Um amor extraordinário.

Eleanor... é uma miúda nova na escola, vinda de outra cidade. A sua vida familiar é um caos; sendo roliça e ruiva, e com a sua forma estranha de vestir, atrai a atenção de todos em seu redor, nem sempre pelos melhores motivos.

Park... é um rapaz meio coreano. Não é propriamente popular, mas vestido de negro e sempre isolado nos seus fones e livros, conseguiu tornar-se invisível. Tudo começa a mudar quando Park aceita que Eleanor se sente ao seu lado no autocarro da escola.

A princípio nem sequer se falam, mas pouco a pouco nasce uma genuína relação de amizade e cumplicidade que mudará as suas vidas. E contra o mundo, o amor aparece. Porque o amor é um superpoder.



Opinião

Comprei Eleanor & Park completamente por impulso na Feira do Livro de Lisboa, em 2017, apenas porque a bloguinha Rosana também comprou. Além disso, a capa era tão deliciosa que me convenci que só poderia guardar uma história inesquecível. (#quemnunca

Mais tarde vim a descobrir que dentro do género Young Adult, que até aprecio bastante, Eleanor & Park, tem tido críticas muito positivas. Assim, quando peguei neste livro, que repousava na minha estante há 2 anos, parti para a leitura com alguma expectativa. 

Eleanor é a miúda nova na escola, em casa tem sempre à sua espera uma família para lá de disfuncional, vive, sem condições básicas, com os seus 4 irmãos mais novos, o padrasto untuoso e maligno e a mãe submissa e distante. Não bastando a ausência de suporte familiar, o facto de ser ruiva, ter excesso ponderal e vestir-se de forma peculiar torna-a motivo de chacota por parte dos seus colegas, claramente dotados de um QI com menos de dois algarismos. 

Park é o miúdo asiático, não sendo propriamente popular consegue distrair as atenções dos reis do bullyng, fazendo dos livros, da música e da sua roupa preta um manto de invisibilidade quase invencível. Até que conhece Eleanor, capaz de penetrar nesse manto. 

As viagens no autocarro da escola tornam-se o melhor momento do dia para ambos. Eleanor e Park vão-se dando a conhecer um ao outro, Eleanor sempre muito mais na defensiva e com medo de se deixar ser feliz, Park sempre tentando trazer Eleanor para si e procurando ajudá-la a resolver todos os seus problemas. Cria-se entre eles mais do que um romance, uma amizade realmente bonita e que me fez muito pensar na frase de Pablo Neruda: Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida. Acredito que muitas vezes basta o amor de alguém para tornar a nossa miserável existência num sofrimento mais suportável. 



Passando-se a narrativa em 1986 há muitas referências a essa época, algumas das quais conhecia, outras tive de procurar. É também engraçado voltar ao passado e ver como as pessoas viviam num tempo em que não havia telemóveis ou internet, a ânsia de poder usar o telefone e esperar por aquela chamada ou o carinho de gravar uma cassete com as nossas músicas preferidas para a nossa pessoa preferida. 

O facto de o livro ser escrito alternadamente sob a visão de cada um quebra também a monotonia da leitura, e foi para mim mais um ponto a favor neste primeiro livro que li de Rainbow Rowell, e que me deixou com imensa vontade de ler outras coisas da autora. Gostava também muito de ver Eleanor & Park adaptado ao grande ecrã. 

Este é um delicioso livro sobre pessoas e sentimentos, é um livro simples, e que se lê muito depressa, e que me entreteve e agarrou do início ao fim. É impossível não empatizar com Eleanor e a sua força e resiliência, e revi-me nela em muitos aspectos, e é igualmente impossível não adorar o Park, pela sua sensibilidade e bom coração. Além disso, é um livro que retrata bem o amor na adolescência, a inocência da descoberta. E não é um livro cliché – aliás Eleanor goza muito com o Park quando ele é fofinho – não é um livro com um romance inverosímil entre a cheerleader e o nerd, é uma história de amor entre dois adolescentes vulgares com vidas que poderiam ser as de qualquer um, e que não deixa de ser uma chamada de atenção para que sempre que julgarmos alguém não nos esqueçamos que há sorrisos que podem esconder muitas lágrimas. 

O final? Foi o necessário. Amei. 


Saída de Emergência

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