sábado, 5 de dezembro de 2020

Opinião "Bela", Ana Cristina Silva

Sinopse

A 8 de dezembro de 1930, Florbela Espanca tirou a própria vida. Era o dia do seu aniversário. Fazia 36 anos.
A vida de Florbela é um retrato de um espírito criativo, insatisfeito, complexo, com laivos de luz e sombra no Portugal na viragem do século XX.
Nesta biografia ficcionada, Ana Cristina Silva faz mais do que contar-nos a história de Florbela, abre-nos a porta para os seus sentimentos, pensamentos e paixões.

Florbela foi uma mulher não convencional, que ousou viver plenamente, ainda que muitas vezes tenha sido infeliz. Encontrou na poesia, desde tenra idade, a natural expressão das suas paixões, das suas mágoas, de um erotismo sublime e sempre, sempre da procura do Grande Amor. Recusou viver pela moral dos outros e teve a coragem de abrir o seu próprio caminho.

Um romance psicológico envolvente, arrebatado e original que narra as paixões, os desencontros, os reveses e a força criativa de uma poeta cuja vida terminou cedo demais mas cuja obra perdura. 
 
 
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 Opinião


Começo por agradecer à BertrandEditora por gentilmente me ter cedido um exemplar de Bela, de Ana Cristina Silva, para leitura, e de forma a partilhar convosco a minha opinião.

Esta biografia ficcionada é um livro maravilhoso, duro, mas fascinante, e que nos prende, apesar de sabermos o final. Aliás, a narrativa começa a 8 de Dezembro de 1930, quando Florbela Espanca, no dia do seu aniversário, tirou a própria vida.

A figura de Florbela sempre despertou a minha curiosidade, os seus poemas, lidos ainda no tempo da escola, acabaram por me levar a conhecer um bocadinho da sua biografia, triste, envolta em névoa e melancolia.

Bela foi uma mulher incompreendida, como são todas aquelas fora do seu tempo. Desde cedo a sua vida foi marcada por dissabores, filha bastarda, foi criada pela madrasta que nunca a suportou e pelo pai que nunca a assumiu verdadeiramente. Os seus únicos aliados eram o seu irmão, Apeles, e a Poesia que a mantinha presa à vida e lhe dava algum alento.

Na busca do verdadeiro amor, que lhe escasseou na infância, casou três vezes e enamorou-se mais algumas, mas a realidade nunca alcançava as suas ilusões e devaneios poéticos.

Foi ostracizada pelas suas escolhas, encaradas pelo seu meio como levianas. Nunca a reconheceram como o génio poético que ela sabia ser. Com o passar do tempo, a depressão agravou-se e o seu corpo foi desistindo, numa triste marcha fúnebre ainda em vida. Bela tentou ser feliz e fazer o seu próprio caminho, mas as suas circunstâncias sempre a fizeram sentir o apelo da Morte, como se esta fosse a figura da mãe que nunca teve e estivesse de braços abertos, pronta a recebê-la e a aniquilar o sofrimento da vida, do abandono, dos desamores. No fim, Bela procurava apenas um alívio, e como sentia que não existia, que não a viam, então morrer não alterava nada a sua condição.

Ana Cristina Silva escreve maravilhosamente bem, como se as suas palavras pudessem mesmo ter saído dos pensamentos e da boca de Bela, num estilo lírico e melódico. Alguns capítulos mostram-nos a perspectiva de outras figuras da vida de Bela e que sempre a viram de fora, algumas tentaram chegar até ela, mas era também um caminho difícil.

Recomendo muito este livro para amantes de Poesia e não só, pois é interessante conhecermos mais da vida desta figura emblemática, um dos poucos nomes femininos com destaque na literatura portuguesa.

Um romance psicológico que nos aproxima desta poetisa que partiu cedo de mais, mas que se eternizou na sua obra.



 

4 comentários :

  1. já estive com esse livro na mão a questionar-se de valeria a pena comprar.

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    1. Olá Princess Cat,
      vale muito a pena! E é um livro que acaba por ser pequeno apesar de profundo ;)
      Recomendo!

      Boas viagens,
      Bárbara Tomé

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  2. A autora foi minha professora. Gosto muito dela :) Já li outros títulos mas este não; tenho-o na wishlist há muito tempo. Será uma das minhas próximas compras.

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    1. Olá Kassie :)
      Gostei mesmo muito deste livro, será uma autora a revisitar!

      Boas viagens,
      Bárbara Tomé

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