segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Opinião " Sete Minutos Depois Da Meia-Noite", Patrick Ness

Sinopse


"Passava pouco da meia-noite quando o monstro apareceu.
Inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Dowd, que morreu de cancro em 2007, Patrick Ness criou uma história de uma beleza tocante, que aborda verdades dolorosas com elegância e profundidade, sem nunca perder de vista a esperança no futuro. Fala-nos dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para os ultrapassar. Fantasia e realidade misturam-se num livro de exceção, com ilustrações soberbas que complementam e expandem a beleza do texto."


Opinião

Começo por agradecer à Editorial Presença por ter feito chegar à minha estante este livro que eu ansiava ler desde há algum tempo, e que adquiriu recentemente maior visibilidade dado à adaptação ao grande ecrã. 

Sete Minutos Depois Da Meia-Noite, de Patrick Ness, Bestseller do New York Times e vencedor de vários prémios, é uma obra de uma simplicidade tocante, que nos traz o drama de Conor, um rapaz de 13 anos que tem de sobreviver à doença terminal da mãe. 

Li este livro de uma assentada, porque desde as primeiras páginas foi-me impossível ficar indiferente à angústia e ao sofrimento do protagonista e ao mesmo tempo vi-me imensamente comovida com a sua resiliência. Assim, não me atrevi a pousar o livro, pois não conseguia abandonar Conor sem saber que ele ia ficar bem. 

Conor tem pesadelos todas as noites, viu-se forçado a crescer repentinamente, ficando numa idade sem número, demasiado novo para ser adulto, demasiado maduro para ser uma criança. Com quase nenhum amigo, com o pai ausente e a avó distante, luta completamente sozinho numa injusta batalha, consumido na impotência de ver partir a cada dia alguém que queria que fosse eterno. Ninguém nos ensina o que fazer quando nos vemos face a um desmedido sofrimento, que nos enche de tal forma que cremos que vamos acabar por rebentar num doloroso desmembramento, enquanto caímos num escuro abismo sem fim.

Conor começa então a receber a visita de um Monstro, à meia-noite e 7 minutos, e ficamos desde logo a perceber que nem sempre os monstros vem para nos assustar, este Monstro é, na verdade, muito espirituoso e impertinente, sábio até, nada similar aos da sua classe. Quando a única opção é sermos corajosos, mesmo quando somos uno com o medo, é preciso uma força monstruosa para nos ajudar a avançar.



É engraçado que apesar de existir a presença de uma entidade sobrenatural, toda a narrativa não perde credibilidade, não se deixa cair em demasia na fantasia, a criatura é tão real como os outros personagens, percebemos que qualquer um de nós poderia receber a visita deste Monstro, se é que já não fomos agraciados com a sua presença.

Chorei, sem vergonha alguma de partilhar convosco esta natural fragilidade humana, e desafio-vos mesmo a tentar impedir que o vosso coração leve a melhor.

A escrita de Patrick Ness é limpa, sem floreados desnecessários, de uma simplicidade nada infantil, o que torna o livro intemporal. A leitura é acompanhada por maravilhosas ilustrações de Jim Kay, que de alguma forma nos forçam a uma maior proximidade com as personagens.

Sete Minutos Depois Da Meia-Noite é um livro sobre a aceitação da perda, sobre o luto, sobre a Morte, mas sobretudo sobre a sobrevivência, sobre a Esperança, sobre como somos apenas humanos, e o que sentimos nem sempre pode ser classificado num binário de certo ou errado.


Deixo-vos aqui o trailer do filme.



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