domingo, 14 de abril de 2019

Meia-noite menos cinco

Meia-noite menos cinco


Olhei o tempo

Que sem vergonha

E de descoberta face

De volta me olhou

Olhei o tempo

E o tempo parou


Caí no sono

Frágil na minha lucidez


Caminhava de descalços pés

Pisando pesadamente

Um chão de vidros coberto

E a cada passo, um revés,

Tu tão longe em vez de perto



Corria então na ânsia de te encontrar

E de pés ensanguentados

Desaparecias do meu olhar


Ouvia risinhos e estridentes ruídos

Vindos de todas as labirínticas direcções

E a tua sombra se escapava

Entre as demais ilusões


Em torno de mim rodopiei

Chorava sem contenção

Exangue, tremendo em gélido suor

Ouvia o bater do meu coração



TUM- TUM

TUM-TUM

TUM-TUM

Batendo

Gelando

Suando

Sangrando

Correndo

TUM- TUM

TUM-TUM

TUM-TUM


Uma porta!

Uma porta avistava!

Talvez a salvação

Abri-a na Esperança de te dar a mão


Mas na sala vazia

Apenas um espelho

Fitando eu estava o meu cadavérico olhar

Baços globos oculares no vazio focados

Eternamente arregalados

Para mais não te ver chegar

Abri a boca para gritar

E apenas o silêncio se fez ouvir

Porquê? Porque tinhas de partir?


Meia-noite e cinco.







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