segunda-feira, 5 de abril de 2021

Uma Agulha no Palheiro (The Catcher in the Rye), J.D. Salinger

Sinopse

O livro conta as aventuras de Holden Caulfield, um rapaz de 16 anos, que ao ter de deixar o colégio interno que frequenta, mas receoso de enfrentar a fúria dos pais, decide passar uns dias em Nova Iorque até começarem as férias de Natal e poder voltar para casa.
Confuso, inseguro, incapaz de reconhecer a sua própria sensibilidade e fragilidade, Holden percorre nesses dias um intrincado labirinto de emoções e experiências, encontrando as mais diversas pessoas, como taxistas, freiras e prostitutas, e envolvendo-se em situações para as quais não está preparado. 
 
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Opinião

Uma agulha no palheiro, de J. D. Salinger, chegou até mim através de um passatempo da página Aleph - Livraria Alfarrabista. Confesso que até a esse momento desconhecia por completo este famoso clássico da literatura americana do século XX, que esteve envolto em várias polémicas, tendo sido inclusive banido das escolas, livrarias e bibliotecas dos EUA devido ao seu conteúdo pouco ortodoxo. Descobri também, durante a leitura, que este livro foi lido por alguns dos mais famosos assassinos da história, como Mark David Chapman, o assassino de John Lennon.

Uma agulha no palheiro, é um relato na primeira pessoa de um jovem da burguesia nova-iorquina que foi expulso da escola uns dias antes do Natal, e não tendo coragem para voltar para casa vagueia por Nova Iorque à procura de si mesmo. Holden Caulfield está profundamente deprimido e sozinho, a sua existência sofre com a dualidade de querer manter-se criança e viver na inocência e tornar-se adulto e perceber que o mundo é imperfeito e cheio de idiotas. Por um lado Caulfield é imaturo, não quer assumir as responsabilidades que vêm com a vida adulta, mas ao mesmo tempo fuma, bebe, idealiza relações sexuais. Caulfield vê na infância uma pureza que não é real e se estivermos atentos ao longo do livro são nos dadas varias pistas quanto a isso.

Ao longo da narrativa vamos percebendo os motivos deste sentimento de alienação, no fundo a indefinição da adolescência é maior para Caulfield pela bagagem que carrega consigo. O protagonista está tão cansado e deprimido que não vê as suas qualidades: é generoso, é sensível, é inteligente, apesar de ser preguiçoso – como ele próprio diz é praticamente iletrado, embora leia muito – e tem uma grande capacidade de amar o que nos é mostrado pela sua ligação com a sua irmã Phoebe.

O título em português não faz sentido, The Catcher in the Rye, o título original, está relacionado com uma parte específica e importante da obra, e que nos mostra o medo do protagonista em se tornar adulto. Pelo que se tiverem oportunidade leiam este livro na sua língua original ou tenham em mente o título na língua inglesa.

Este é um livro profundamente triste, é uma viagem que nos cansa, e a partir do momento que empatizamos com Holden Caulfield sentimo-nos tão sozinhos como ele nas frias ruas de Nova Iorque, com a mesma vontade de chorar, de beber, de vomitar.

Um grande livro, um grande clássico! 
 

 

2 comentários :

  1. Já li há alguns anos e lembro-me que gostei bastante na altura. O facto é que me lembro de muito pouco da história. Tenho de reler...

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  2. Olá Kassie :)
    é um livro muito intenso mas que ao mesmo tempo se lê muito bem (diferente de outros clássicos que exigem muita concentração por exemplo).
    Gostei mesmo, gosto de livros sobre pessoas :)

    Boas viagens,
    Tomé

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