Sinopse
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Opinião
O Homem Que Sonhou, de Rute Simões Ribeiro, é um pequeno livro mas com uma poderosa mensagem. Quem me acompanha sabe que a Rute se tornou uma das minhas autoras portuguesas preferidas e, por isso, é sempre agradável reencontrar a sua escrita, sempre exímia e muito própria.
Gostei do conteúdo de O Homem Que Sonhou, mas não tanto da forma. O género dramático nunca me fascinou, mas ainda assim a autora conseguiu habilmente captar a minha atenção transportando-me para um julgamento no mínimo atípico. Um homem ousou sonhar numa sociedade em que a Instituição é soberana e garante todas as necessidades dos seus cidadãos, tornando a capacidade de sonhar e de imaginar desnecessária e até criminosa. Gostei deste laivo de distopia, mas que ao mesmo tempo pretende nos lembrar que há um bocadinho desta distopia aqui e ali, e basta que mergulhemos no automatismo do quotidiano para esquecermos que temos livre arbítrio e liberdade de expressão. Esta leitura trouxe-me à lembrança o clássico de George Orwell, 1984, com a sua sociedade totalitária, onde não existia liberdade individual e a polícia do pensamento controlava todos os movimentos e pensamentos.
O sonho é algo perigoso, a par da esperança, mas pode ser o que nos sobra em situações limite, e é ele que tanta vezes comanda revoluções contra essas instituições que o procuram aniquilar e que são ardilosas em tapar o sol com a peneira sempre que as falhas do sistema se tornam gritantes. Não podemos baixar a guarda por muito tempo sob o risco de se erguer uma instituição que nos limite naquilo que mais nos torna diferentes dos outros animais, que nos torna humanos, e que é tão somente a capacidade de sonhar. Acredito que é essa a mensagem de O Homem Que Sonhou, que obviamente recomendo, bem como todos os outros livros da Rute.
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