quarta-feira, 30 de abril de 2014

Uma Luzinha ...

 
 
  
E num dia, uma luzinha entrou na vida dela suave e carinhosamente, como se já dela fizesse parte. Como poderia ela dizer que não à luz que passaria a iluminar os seus dias? Como poderia ela dizer que não a uma luz tão bonita e especial? Não podia. Por muito que quisesse, não podia. Desde então, e mesmo sem ser convidada, era com essa luzinha que acordava, era com essa luzinha que passava os seus dias, e mesmo antes de adormecer ela estava lá a tornar a noite menos escura. Como seria possível existir esta luzinha na crueldade que é a vida? Como seria possível haver uma luzinha para ela? Tantos comos e porquês. Tantas perguntas por responder.
 
Tinha medo, muito medo. Gostava do que via, do que sentia, mas tinha medo. E gostava tanto que o gostar venceu o medo. Então largou todos os muros que a cercavam, todos os muros que a protegiam e tornou-se transparente para aqueles olhos, transparente aos olhos certos. Olhos que brilhavam, olhos que sorriam, olhos genuínos e verdadeiros.

E aquela luz, pequenina, entrou de tal forma na vida dela que alcançou o seu coração, coração escondido, magoado, no qual um simples toque o fazia sangrar. Mesmo assim a luzinha ficou, ia para o céu e como uma estrelinha ficava a olhar, pois não havia como curar aquele coração e ela sabia disso. Nada podia fazer senão brilhar, senão estar ali. Mal sabia ela que era tudo o que aquele coração precisava.

O tempo passava e o coração tornava-se cada vez mais forte, batia com mais força e, por vezes, mais depressa tal era a felicidade que a luz lhe dava. E o coração enchia-se de amor, carinho, mimo, paz e felicidade, aquela que ela não sabia que podia existir, mas que estava agora à sua frente.

As feridas daquele coração não desapareceram, vão fazer sempre parte dele, mas com a estrelinha que chegou acidentalmente às suas mãos, tudo se tornou mais fácil. Cada vez que ele sangrar, cada vez que ele chorar, cada vez que ele doer, não o fará sozinho. E a luz iluminá-lo-á de tal forma que a dor desaparecerá por momentos. E esses momentos vão valer a pena, porque "tudo vale a pena se a alma não é pequena" e a dela era grande.
 
 
 
 
 
 

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