Sinopse
"Eddie é um veterano da Segunda Guerra Mundial que sente que a sua vida não tem qualquer sentido nem importância e lamenta o facto de não ter vivido mais intensamente. No dia do seu 83º aniversário, morre num acidente trágico ao salvar a vida de uma criança. A última coisa que sente é duas mãozinhas a segurar as suas - e depois o silêncio. É então que tudo começa. Eddie desperta no Céu. À sua espera estão cinco pessoas que, de uma forma ou outra, determinaram o percurso da sua vida. Através delas, vai descobrir as ligações invisíveis que constituíram o padrão da sua vida. Será que passou 83 anos insignificantes na Terra? Ou teria a sua vida tido afinal algum sentido?"
Opinião
A estranheza de abrir um livro que começa pelo fim e cujo título encerra uma premissa curiosa rapidamente deu lugar a um sentimento de calma introspecção e reflexão. As Cinco Pessoas Que Encontramos No Céu leva-nos com Eddie na sua derradeira viagem. Depois de morrer, no seu 83º aniversário num heróico acto ao tentar salvar uma criança, Eddie acorda no céu onde cinco pessoas o esperam e uma a uma vão-lhe desvendando como são as pequenas coisas da vida que fazem girar o mundo.
Eddie, um homem desgastado pela guerra, mergulhado em culpa e arrependimento, envelhecido pelas mágoas de uma vida aparentemente desperdiçada e preso à saudade do seu grande e único amor, Marguerite, é um homem como outro qualquer, vulgar, apanhado na necessidade rotineira de que todos somos escravos. É um homem que se deixou envelhecer num trabalho que sempre desprezou e que por tantos e tão válidos motivos deixou os sonhos que tinha para viver e limitou-se a sobreviver. Porém, Eddie lamenta profundamente naquilo em que a sua existência se tornou e desejava que a sua vida tivesse tomado um rumo diferente.
Mas, as cinco pessoas que Eddie encontra vão-lhe mostrar que, na verdade, a sua vida, como todas as outras, não foi tão em vão. E junto com Eddie vemo-nos obrigados a reflectir sobre as cinco lições que esta narrativa contempla, como são os sentimentos o que mais importa e como nunca temos todas as versões, nem todos os factos nem todas as versões dos factos. As coincidências, que transbordam no nosso dia-a-dia e que nos são vedadas porque certamente causariam em nós tamanho assombro que não seriamos capazes de as compreender, mostram nesta história, aliás nestas cinco histórias, que somos mais que o caminho solitário que percorremos e que é inimaginável a influência mútua entre nós e os outros. Há uma grande beleza em acreditar que as vidas que tocamos e as que nos tocam são fruto de um emaranhado de fios invisíveis que nos unem e que puxar um tem sempre repercussões nos outros. É como se a história de cada pessoa fosse superior a ela por não lhe pertencer em absoluto.
A organização peculiar, alternando entre as memórias de Eddie dos seus aniversários, os seus encontros no céu e o relato de quem ficou vivo e está a cuidar do seu funeral, torna esta leitura diferente, agradável, dinâmica e faz nos perceber a imensidão do tempo, de como é tão mais grandioso do que nós e que o sol nascia antes de nascermos e continuará a nascer quando partirmos.
É quase antagónica a tentativa do autor de nos mostrar que somos pequeninas peças, mas que ao mesmo tempo insubstituíveis e necessárias.
Deixem-me terminar admirando a perspectiva do céu de Mitch Albom que nos confessa na dedicatória que a versão que ele apresenta é apenas um palpite, um desejo de que Pessoas que se sentiram pouco importantes aqui na Terra - percebam, finalmente, quão importantes e amadas foram. O céu apresentasse-nos por um lado como O lugar onde fazemos com que o nosso ontem tenha sentido e por outro como um lugar que guarda a nossa mais feliz memória, aquele momento em que dissemos “pudesse eu agora parar o tempo e ficar para sempre aqui, a teu lado”.
Em última análise, questionando o verdadeiro significado da nossa existência, As Cinco Pessoas Que Encontramos No Céu tenta-nos dissuadir da procura do sentido da vida, pois é a vida o próprio sentido.
Eddie, um homem desgastado pela guerra, mergulhado em culpa e arrependimento, envelhecido pelas mágoas de uma vida aparentemente desperdiçada e preso à saudade do seu grande e único amor, Marguerite, é um homem como outro qualquer, vulgar, apanhado na necessidade rotineira de que todos somos escravos. É um homem que se deixou envelhecer num trabalho que sempre desprezou e que por tantos e tão válidos motivos deixou os sonhos que tinha para viver e limitou-se a sobreviver. Porém, Eddie lamenta profundamente naquilo em que a sua existência se tornou e desejava que a sua vida tivesse tomado um rumo diferente.
Mas, as cinco pessoas que Eddie encontra vão-lhe mostrar que, na verdade, a sua vida, como todas as outras, não foi tão em vão. E junto com Eddie vemo-nos obrigados a reflectir sobre as cinco lições que esta narrativa contempla, como são os sentimentos o que mais importa e como nunca temos todas as versões, nem todos os factos nem todas as versões dos factos. As coincidências, que transbordam no nosso dia-a-dia e que nos são vedadas porque certamente causariam em nós tamanho assombro que não seriamos capazes de as compreender, mostram nesta história, aliás nestas cinco histórias, que somos mais que o caminho solitário que percorremos e que é inimaginável a influência mútua entre nós e os outros. Há uma grande beleza em acreditar que as vidas que tocamos e as que nos tocam são fruto de um emaranhado de fios invisíveis que nos unem e que puxar um tem sempre repercussões nos outros. É como se a história de cada pessoa fosse superior a ela por não lhe pertencer em absoluto.
A organização peculiar, alternando entre as memórias de Eddie dos seus aniversários, os seus encontros no céu e o relato de quem ficou vivo e está a cuidar do seu funeral, torna esta leitura diferente, agradável, dinâmica e faz nos perceber a imensidão do tempo, de como é tão mais grandioso do que nós e que o sol nascia antes de nascermos e continuará a nascer quando partirmos.
É quase antagónica a tentativa do autor de nos mostrar que somos pequeninas peças, mas que ao mesmo tempo insubstituíveis e necessárias.
Deixem-me terminar admirando a perspectiva do céu de Mitch Albom que nos confessa na dedicatória que a versão que ele apresenta é apenas um palpite, um desejo de que Pessoas que se sentiram pouco importantes aqui na Terra - percebam, finalmente, quão importantes e amadas foram. O céu apresentasse-nos por um lado como O lugar onde fazemos com que o nosso ontem tenha sentido e por outro como um lugar que guarda a nossa mais feliz memória, aquele momento em que dissemos “pudesse eu agora parar o tempo e ficar para sempre aqui, a teu lado”.
Em última análise, questionando o verdadeiro significado da nossa existência, As Cinco Pessoas Que Encontramos No Céu tenta-nos dissuadir da procura do sentido da vida, pois é a vida o próprio sentido.
Olá Tomé,
ResponderEliminarExcelente comentário, pelo que percebo um livro que nos faz refletir e isso é bom e acaba por ser algo diferente do habitual.
Recomedação registada ;)
Abraço e boas leituras
Olá Fiacha,
EliminarÉ sem dúvida um livro que exige alguma reflexão, mas é algo tão natural e que acompanha a leitura que nos trás, assim como à personagem principal, uma certa paz. Gostei mesmo muito! (Acho que transparece na opinião!)
Obrigada e ainda bem que gostou :)
Boas leituras,
Tomé