Edição: 1991 (1ª), 2013 (31ª)
Páginas: 464
ISBN: 978-972-23-1949-2
Goodreads: mais informação aqui.
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"O bestseller
mundial, O Mundo de Sofia, é a prova de que Demócrito, Aristoteles, Kant,
Espinosa, Freud e os outros são fabulosos personagens romanescos. Um thriller
filosófico à boa maneira, com a vantagem de possuir uma elegante e inexcedível
clareza. O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder é um sucesso literário só
comparável ao Nome da Rosa de
Umberto Eco."
Opinião
Precisei de algum
tempo para conseguir escrever esta crítica. Não é fácil abandonar O Mundo de Sofia e todas as reflexões a
que nos obriga.
(A sinopse desta edição não diz verdadeiramente
muito sobre o livro… Pelo que é imperativo falar um pouco da história antes de
dar a minha opinião.)
Sofia é uma jovem de 14 anos (quase 15!) que vive numa pequena vila Norueguesa. Num dia como tantos outros, recebe duas cartas misteriosa com questões para as quais não tem resposta - “Quem és tu?” e “De onde vem o mundo?” Este é o início de uma correspondência que vai levar Sofia a conhecer a Filosofia, desde o início dos tempos.
No entanto, as cartas filosóficas não são as únicas que aparecem na caixa de correio de Sofia; esta recebe também um postal que lhe é endereçado, mas cuja mensagem é para uma pessoa que não conhece e que, aparentemente, vive a uma grande distância. Quem é esta pessoa e como poderá Sofia encontrá-la?
Ao início, fiquei
um pouco de pé atrás. O livro não era aquilo de que estava à espera (se bem
que, verdade seja dita, não sei muito bem o que esperava). O curso de Filosofia
por correspondência ocupa muita da leitura, e dei por mim a pensar se o livro
seria apenas um manual de Filosofia em forma de romance. Por muito que tenha
adorado aprender e pensar sobre as questões abordadas, isto não seria
suficiente para construir um bom romance, na minha opinião!
A verdade é que o
livro é mesmo um manual de Filosofia, mas vai muito para além de qualquer
explicação ou lição das que foram dadas a Sofia.
Há um elemento
que é introduzido quase nas entrelinhas, e que começa a mudar o rumo da
história – o postal para Hilde Møller Knag. Esta parte da narrativa, que parece
tão secundária, apenas mais uma questão sobre a qual filosofar, torna-se, na
minha opinião, o combustível para o resto da história. É com grande expectativa
que seguimos Sofia e somos, ao mesmo tempo que ela, assombrados por cada
coincidência que nos leva invariavelmente até Hilde.
Sofia é uma
rapariga madura, e pela sua voz e a da sua melhor amiga, Jorunn, Gaarder
injecta na história uma ou outra crítica social que, passados 12 anos, ainda
traz em si alguma verdade. É inteligente, seguindo as lições do seu professor de
Filosofia atentamente, sem nunca perder a irreverência dos seus quase 15 anos.
Há duas grandes questões a que Gaarder dá particular atenção durante todo o
livro, tendo Sofia um papel importante na sua discussão: a destruição da
Natureza em proveito do Homem e a igualdade entre os sexos. De um ponto de vista humano, senti um grande apego por esta personagem; sofri com os seus problemas e senti a sua revolta...
Alberto, o
professor, é para além disso um guia quase espiritual para a protagonista (e,
consequentemente, para o leitor). Esta figura nunca chega a perder a sua aura
de mistério, mesmo quando se revela.
Sobre Hilde, não
vou falar. Foi mágico o momento de viragem da história, o da grande epifania, o
da verdadeira revelação… Não quero retirar isso ao leitor.
Foi com grande
surpresa que constatei que este livro não faz parte do Plano Nacional de
Leitura. Se fosse professora de Filosofia (ou de Física, ou de Biologia, ou de
Psicologia, ou de História, ou de Literatura, etc) recomendaria este livro a todos os meus alunos, por terem
muito a ganhar no seu percurso de aprendizagem.
No entanto, mesmo
quem já deixou a escola será surpreendido pela curiosidade que este livro
instiga, por tudo o que ensina como quem não quer a coisa. Dei por mim a
reflectir, tal como Sofia, no meu papel no mundo, nos meus objectivos e no meu
conceito de moralidade.
Em suma, para
além de um “manual” a transbordar de conhecimento, este livro encerra em si
mistério e fantasia, viagens pelo tempo e espaço e pela nossa própria
consciência, que expandem os nossos horizontes para além do que achamos
possível.
"...o importante é que
aquilo que tu perdes é inferior em relação ao que ganhas. Perdes-te quanto à
forma que possuis de momento, mas ao mesmo tempo compreendes que na realidade
és algo infinitamente maior. És todo o universo. És a alma do mundo, Sofia."
P.S. Não resisti…
Viva,
ResponderEliminarOra aqui está um livrinho que deve valer bem a pena sim senhor.
Bjs e boas viagens
Olá Fiacha!
EliminarAcredita que sim, mudou a minha forma de pensar, e acho que isso é sempre um ponto a favor :)
Boas viagens! ;)
Uau que resenha linda! Tenho 11 anos e pego livros de 500 a 2000 pg na minha escola. Muito grato.
ResponderEliminarOlá :)
EliminarAinda bem que gostaste! Continua nessas aventuras literárias :)
Boas viagens,
Bloguinhas