segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Opinião - "Maze Runner – Correr Ou Morrer", James Dashner

Edição: 2012 (1ª - 2009)
Páginas: 397
ISBN: 9789722348508
Goodreads: mais informação aqui.


Sinopse

"Quando desperta, não sabe onde se encontra. Sabe que o seu nome é Thomas, mas é tudo. Quando aquela caixa metálica para, Thomas percebe então que se encontra num elevador e não tarda a descobrir que chegou a um lugar estranho e que o enche de pânico. Lá fora, uma pequena multidão de adolescentes como ele. Os rapazes puxam-no para fora e as suas vozes saúdam-no numa linguagem que lhe parece estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que sabem a respeito daquele mundo. E existe o Labirinto, para além dos muros da Clareira... Mas acontece algo inesperado – a chegada da primeira e única rapariga, Teresa. E ela traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo."


Opinião

Maze Runner é uma obra que está agora a ganhar popularidade, devido ao filme homónimo baseado na obra que irá estrear em Setembro deste ano. O livro é publicitado como uma distopia ao gosto de fãs de Os Jogos da Fome, o que, juntamente com a sinopse que levanta apenas uma ponta do mistério e com meu gosto pessoal por este tipo de universos, foi o suficiente para me despertar a curiosidade. (Por acaso, penso que o estilo se aproxima mais da série Divergente, da qual também sou fã, ou da série Anders, menos conhecida mas também muito boa.)

Como tal, iniciei a leitura com grandes expectativas. Chegamos à Clareira com Thomas e apenas com aquilo que ele leva – o seu nome e o medo do desconhecido. Dei por mim presa à narrativa desde esse momento, pois a novidade do mundo que recebe Thomas é vasta e só é dada a conhecer ao leitor em pequenas porções. Fiquei surpreendida com o sistema organizado pelo grupo de rapazes adolescentes, que tiram o melhor partido do pouco que têm e conseguem manter a pequena comunidade, apesar de conscientes do seu estado de cativos. Porém, o autor consegue não fazer destes rapazes adultos em miniatura, e apesar das suas qualidades, têm também defeitos (próprios da idade, mas não só).

No entanto, passada esta primeira onda de entusiasmo, fui ficando ligeiramente desiludida, por duas razões: primeiro, o tipo de linguagem não é muito adequado a um público adulto; não me refiro ao calão inventado pelos Clareirenses (aliás, confesso que utilizei a palavra chancos em voz alta uma vez), nem à sua própria forma de falar (tratam-se, afinal, de adolescentes, e neste caso bem caracterizados). O que mais me incomodou foi a forma infantilizada como se traduziram alguns termos do original, como Gladers (os habitantes da Clareira) ou Grievers (os Magoadores, cujo nome me soava pior do que o seu aspecto monstruoso…) Compreendo que este é um livro dirigido a um público juvenil, mas não sei qual a expressão em inglês que levaria um tradutor a escrever “mariquinhas pé de salsa”. Enquanto o título se manteve, apropriadamente na minha opinião, o cargo de Runner foi também traduzido para Explorador, o que parece fazê-lo perder algum significado.

(Dentro da escrita, um aparte para o autor: por muito que esteja a ser pensado por adolescentes sem uma concepção total da realidade, não é lícito escrever que "As pessoas com problemas mentais eram capazes de tudo." Pensamentos como este perpetuam o estigma associado à doença mental, e penso ser um dever de todos apontar estes erros, mesmo que irreflectidos.)

Segundo, Thomas comporta-se no início como o Caloiro que é, tendo um pensamento cíclico e redundante: não me lembro, mas é familiar; tenho medo, mas vou; não conheço, mas quero. Fiquei com algum receio que a personagem não fosse bem desenvolvida durante o livro, e, sendo ele o protagonista, era um aspecto muito importante para mim, até para desenvolver empatia para com ele.  

Esta “profecia” acabou por não se concretizar, pois à medida que se vão sucedendo novos acontecimentos na Clareira e o enredo vai adensando, volta o entusiasmo dos primeiros capítulos, e Thomas vai revelando o seu carácter à medida que estabelece relações com os outros rapazes da Clareira. Ele revela-se, por fim, uma pessoa de princípios, altruísta e corajoso, conseguindo por fim ultrapassar alguns dos seus medos, bem como compreender melhor as suas emoções relativamente ao meio em que se encontra e aos outros.

A história encerra outras personagens também complexas, das quais destaco Chuck, o pequeno sidekick  de Thomas, que revela uma faceta da sua personalidade que não é aparente ao início, Alby e Newt, os ”líderes” do grupo de adolescentes, pela sua sensatez e instinto de protecção. Gostaria de conhecer melhor Teresa, mas julgo que com a continuação da série este desejo será concretizado.

A atmosfera de medo e claustrofobia (concedidos mais pelo próprio Labirinto e pelas circunstâncias que levam algumas pessoas à loucura, do pelos monstros que o habitam) são bem caracterizadas, e houve algumas instâncias em que me senti tão sem fôlego como Thomas estaria.

Dito isto, posso afirmar que gostei bastante da história, e pretendo continuar a ler a série (o volume seguinte, Provas de Fogo, já se encontra publicado pela Editorial Presença). A obra centra-se na procura de algo dentro de nós que nos permita chegar mais longe e prevalecer, ou, usando uma expressão que aprecio, fazer das tripas coração, usar o medo como propulsor para derrubar barreiras.



P.S. Não resisti a ir ver o trailer do filme mesmo antes de escrever esta crítica… Pareceu-me estar excelente visualmente, no que diz respeito ao Labirinto, e o casting também me parece bem (Kaya Scodelario tem um visual muito próximo do que imaginei para Teresa!)

A cena final do trailer foi aquela em que no livro Thomas me conquistou definitivamente…

Mas vejam por vocês mesmos, e digam o que acharam! 



6 comentários :

  1. Olá,

    Não sou muito de distopias, mas ainda assim gostei bastante de algumas, por exemplo Os Jogos da Fome.

    Vou esperar por ler mais comentários, quem sabe não me decida e venha a ler, será mais uma saga, devo ter muita queda para este tipo de leituras :D

    Bjs e boas viagens

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Fiacha!

      Eu por acaso adoro distopias! Penso que esta saga valerá a pena, especialmente para quem gostar de ficção científica :)

      Boas viagens,
      Bárbara

      Eliminar
  2. Acabei esse livro no início deste mês e identifiquei-me com algumas partes da tua opinião. :) No entanto, foi um livro que me desiludiu um bocadinho e que me envolveu mais pela curiosidade do que pelos aspetos que mencionaste. Mas também pretendo continuar a série. :D
    Beijinhos!
    *Mistery

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Mistery!

      Compreendo o que dizes, e mesmo que não tivesse acabado por me voltar a envolver na história, acho que ia ter de continuar a série na mesma! Fico contente por estar em sintonia com outra pessoa que tenha lido o livro :)

      Beijinhos e boas viagens!
      Bárbara

      Eliminar
  3. Gostei bastante do livro e já comprei o segundo para continuar a trilogia :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Inês!

      Quando acabei fui logo ver se já estava editado em Português, não vou resistir a comprar em breve ;)

      Boas viagens,
      Bárbara

      Eliminar