segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Opinião "O Outro Homem e outras histórias", Bernhard Schlink

Sinopse: 


“Parecia que estava tudo dito sobre o passado da Alemanha até que Bernhard Schlink escreveu O LEITOR (publicado pela ASA nesta mesma colecção), que se converteu rapidamente num bestseller mundial. Agora, neste seu novo livro, o autor demonstra-nos que tão-pouco está tudo dito sobre o amor. Um casal de Berlim Oriental recorre à traição com o objectivo de salvar o casamento. Um estudante alemão em Nova Iorque apela a meios pouco convencionais para demonstrar o seu amor por uma judia americana. Um ex-progressista aburguesado vive entre os trilhos sinuosos do seu casamento liberal. Em todas as histórias, o amor como atracção e fuga: os desejos reprimidos, os mal-entendidos involuntários, a infidelidade fruto do desespero, a força inexorável dos costumes e o peso da culpa. Como nasce e termina o amor, que subterfúgios são usados para iludir e desiludir? Em O OUTRO HOMEM E OUTRAS HISTÓRIAS, Schlink oferece-nos sete histórias de amor em que todos os protagonistas são, de algum modo, vítimas da sua época, uma geração urbana desorientada que cai uma e outra vez nas armadilhas do seu próprio passado. O Outro Homem foi adaptado para o cinema, num filme realizado por Richard Eyre, protagonizado por Liam Neeson, Antonio Banderas e Laura Linney. “


Opinião :

Bernhard Schlink neste livro traz-nos sete histórias, sete maneiras de definir amor, sete formas de demonstrar como é impossível defini-lo dentro de linhas rectas e finitas. Cada história é independente, poderia ler-se uma sem sentir a falta da outra. No entanto, há algo que as une: a qualidade. 

O autor é possuidor de uma capacidade que, para mim, é das mais importantes num escritor: a criação de personagens coerentes, que nos levam a sorrir, suster a respiração e tentar segurar a lágrima no canto do olho. 

Contudo, se o que o leitor está a procura é apenas o lado feliz do amor ficará desapontado com este livro. Nas histórias é enfatizado o amor real, aquele que se pode esperar ver nas pessoas com que nos cruzamos ao longo da vida. Pessoas que não são perfeitas, que dizem as coisas erradas no pior momento possível, que tomam decisões que sabem que vão correr mal mas, mesmo assim, apesar das suas falhas são amadas e sabem amar. Conseguimos sentir toda a magia que existe neste sentimento que é tão difícil de definir e, a  forma como o demonstra é tocante e, provavelmente, foi o que mais me fascinou no livro.

Deste modo, seria de pensar, que devido à elevada dose de vida real, o livro tomaria um ritmo melancólico e deprimente. Todavia é a descrição deste lado do amor, que torna as histórias incrivelmente enternecedoras. Foi-me impossível não libertar um sorriso nas interacções e, principalmente, decisões das personagens. Quando dava por mim já tinha chegado ao fim, a desejar saber mais, mas a saber que o autor tinha escrito tudo o que era necessário e relevante, deixando a quantidade certa de enredo à responsabilidade da imaginação do leitor.

Contudo, não posso deixar de referir que, por vezes, devido ao contexto histórico e cultural das narrativas perdia um pouco o fio da história. No entanto, forneceu um incentivo para pesquisar mais sobre a época e os costumes daquele tempo. 

Porém, não são só histórias de amor. São histórias de pessoas, extremamente bem construídas e desenhadas, marcadas pelo preconceito transmitido através das gerações e ideias preconcebidas do passado. Através destas mostra-nos o quanto um passado, que não directamente nosso, pode afectar as nossas decisões e atitudes, se não formos capazes de tirar a lição correcta dele.

Depois desta leitura irei certamente colocar Bernhard Schlink na lista de autores a conhecer melhor, pois mostrou-se alguém com uma aptidão natural de  tocar no coração do leitor.

"A sua alma fora ferida e tornara insensível todo o suave tecido que a tornava capaz de ser feliz e de amar. Tinha-se tornado integralmente em tecido cicatrizado."


Uma das histórias foi adaptada ao grande ecrã - O Outro Homem .





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