Opinião - "O Velho e o Mato", Sérgio Veiga

Sinopse:

"Sérgio Veiga descreve com mestria o mar, as florestas e planícies, a caça e a morte, a solidão da savana e o cheiro da terra. De tal forma nos envolve nesta sua magia que são as letras, que passado pouco tempo sentimos que com Hermenegildo estamos a viver esta aventura. Uma aventura de retorno às origens, no fim da vida, depois da morte do seu verdadeiro amor e melhor amiga. Uma aventura de vida e morte, na busca de si mesmo, do seu espírito caçador, da sua alma de homem do mato.

O Velho e o Mato é uma lufada de ar fresco na literatura africana, que nos transporta a um Moçambique cheio de vida e de cor!"

Opinião:

Em primeiro lugar tenho de agradecer à Editora Marcador pela oportunidade de conhecer este autor, ao ceder um exemplar deste livro.

"O Velho e o Mato" conta a história de Hermenegildo Junqueira, pai e caçador, no fechar de um capitulo da sua vida, marcado pela morte da sua esposa, e o início de um novo, que começa com a sua partida, deixando tudo para trás, incluindo os seus filhos.

Sérgio Veiga escreve de uma maneira muito simples, com frases curtas e sem duplos significados. Para a ideia que quer transmitir, permiti-nos conhecer o suficiente das personagens sem nunca se perder em descrições exaustivas dos seus pensamentos e acções.

Deste modo, consegue dar um ritmo muito próprio ao livro. Durante a leitura, não dava pelo passar das páginas, era um contínuo. 

A história encontra-se perfeitamente criada de forma a nos transmitir a sensação de que estávamos sentados, na mesa da cozinha ou na sala, a ouvir alguém contar a sua mais importante narrativa.

Assim, a melhor descrição que posso encontrar é história da hora de ir dormir para adultos. É tão agradável de ler, e ao mesmo tempo tão leve, que a noite parece ser a altura adequada para a ler pois, assim, a sua mensagem fica gravada em nós, da forma que apenas as reflexões feitas antes do fechar dos olhos podem ficar.

Além disso, é acompanhada de ilustrações adequadas à acção que está a decorrer o que embeleza ainda mais as aventuras do caçador.

Sendo assim, sugiro a leitura deste livro à noite, meia hora antes de conferenciar profundamente com a almofada. Desta forma, aprecia-se o livro da melhor maneira possível e permite relembrar os tempos em que alguém nos lia ou contava uma história antes de adormecermos.

" Assim fazem os homens do mato quando se perdem nos labirintos do raciocínio...entregam o destino ao instinto."