sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Posso Perguntar? Posso? - com Sónia Ferraz da Cunha

Sobre o autor:

"Sónia Ferraz da Cunha é licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar. Ao longo da sua vida profissional exerceu diversos cargos em diferentes áreas, como Técnico Superior de Conservação e Restauro, Professora Universitária de Conservação e Restauro e Professora de História do 3º Ciclo e Secundário. A paixão pela Literatura em geral, e pela arte da escrita em particular, nasceu ainda Sónia se encontrava sob a estática e permanente observação das elevações montanhosas que coroam as paisagens de Trás-os-Montes, de onde é originária e onde nasceu decorria o ano de 1977, sendo que atualmente reside na Invicta cidade do Porto, cidade que a adotou e que por ela foi tão apaixonadamente adotada."



Entrevista:


Quando é que começou a escrever?

Pela adolescência, ainda guardo muito do que produzi nesses tenros anos, mas tal como a minha cabeça nessa altura, é tudo muito confuso, ansioso, obscuro; depois atravessou-se a vida, muita vida, muito mundo, muitas experiências, muitas aventuras, e deixou de haver tempo, e vontade de deixar a fantasia invadir a realidade, até agora.

Qual é o primeiro livro que se recorda de ler?

Fora dos limites escolares - Os Sofrimentos do Jovem Werther de Goethe, livro que na altura, e talvez porque ainda era muito jovem, me impressionou muito e me provocou uma temporária, contudo, intensa obsessão pelo autor o que me levou a devorar tudo o que consegui encontrar dele (na biblioteca) e por arrasto de Schiller, sobre o movimento Sturm und Drang, e cheguei a ler as Conversações com Goethe de Eckermann que se centram nos últimos anos de vida de Goethe.

Qual é o próximo livro na sua lista de leitura?

Neste momento estou, ansiosamente, à espera que o Crush de Richard Siken me chegue às mãos (que é suposto acontecer no dia do meu aniversário que está para muito breve).

Quais são os seus livros preferidos? E autores?

Escolher preferidos é sempre muito, muito difícil, mas, e ainda assim, posso dizer que já repeti a leitura do Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde três vezes, completas, (também estou à espera que uma edição em inglês do mesmo me chegue às mãos) e que este tem um lugar de primordial destaque. Depois há Stendhal, Goethe, obviamente, Henry James (recordo no primeiro ano de faculdade no Porto como entretinha em casa uns amigos, à mesa e com apenas a luz duma vela, a contar a história de A Outra Volta do Parafuso de Henry James, memórias preciosas!), Amandine Aurore Lucile Dupin mais conhecida sob o pseudónimo de George Sand…

Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá?

A melhor companhia é sem dúvida o silêncio ou uma boa música a tocar quase em surdina, de preferência só piano, e como cenário de fundo a varanda, a sala, o quarto...

Que autores influenciaram a sua escrita?

Não faço ideia, suponho que todos os que li e vou lendo, e acreditem que já são muitos.

O que a inspirou ao escrever A escuridão procura a escuridão?

Honestamente? Nada em especial, e tal como nos que ainda vivem guardados, acontece assim, do nada, e vais pela rua e um raio de impossível definição atravessa-te a mente e tudo começa a jorrar sabe-se lá de onde. Na verdade, imaginação é coisa que sempre tive em excesso.

Qual o seu principal objectivo ao abordar um tema tão diferente como o presente em A escuridão procura a escuridão?

Objetivo? Absolutamente nenhum, e a verdade é que não pretendi abordar nenhum tema em particular, apenas contar uma história. Mais uma vez, vais pela rua e vês alguém, alguém que te recorda algo que nunca existiu, que te evoca memórias que se confundem em fantasias e nasce uma personagem; a partir dela se ramificam outras e todas se vão definindo, assim como os seus percursos, e no fim temos uma história, só isso.

Como tem sido a reacção dos leitores ao seu livro?

Tem sido muito positiva, e pessoalmente ou através de terceiros tem-me chegado um muito interessante e positivo feedback.

Gostava de ver A escuridão procura a escuridão adaptada ao cinema/televisão?

Suponho que sim, claro que seria interessante, mas acredito que muito perturbador também.

Já alguma vez se deparou com alguém a ler A escuridão procura a escuridão por exemplo num transporte público ou outro local? Como se sentiu?

Não, e é muito raro eu frequentar locais onde tal pudesse acontecer, mas suponho que seria uma situação interessante.

Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho?

É raro mostrar a alguém, e se o faço é só no final.

Considera que se aposta nos autores portugueses ou que as editoras tem deixado escapar ou não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas?

Honestamente? Não faço ideia, suponho que haja de tudo um pouco.

O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor?

Lê muito, obviamente, e lê bem. E se é para escrever que seja por paixão, porque dá prazer, porque provoca felicidade.

Quais são os seus projectos para o futuro?

Aproveitar a vida, a minha família, os meus amigos, as minhas paixões, ler muito e escrever ainda mais. :)


Agradecemos à Sónia por se ter disponibilizado para esta entrevista, assim como por nos ter cedido um exemplar do seu livro! Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!

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