Sinopse:
“Ao iniciar a viagem, o neófito
nada entende, pois não consegue ver. Está cego e não o sabe. Os símbolos em que
está imerso são como um livro, só o pode ler quem o souber decifrar. O conteúdo
só está acessível a quem tem vontade e uma mente aberta. A abertura de
horizontes não é um processo reversível. Não é possível voltar a dormir depois
de se ter acordado completamente, assim como não é possível voltar ao ventre
materno depois de nascer. Esta não é uma iniciação a uma ordem secreta, nem a
nenhum clube de eleitos. É uma iniciação ao mundo real.”
Opinião - Rosana
Para começar, tenho de agradecer
a duas pessoas: ao Pedro Cipriano que gentilmente me cedeu o seu livro para
leitura e opinião, e ao Fiacha, uma vez que foi através dele que conheci o Pedro
Cipriano! E esta é uma das grandes vantagens da blogosfera. Se, por um lado,
damos a conhecer as obras que lemos aos nossos leitores, por outro através da
comunicação e trabalho entre bloggers conseguimos o mesmo!
Posto isto, “O Caderno Vermelho”
é um livro de poesia muito pequenino :). Não tenho por hábito (falha minha) ler
poesia, no entanto, é um aspecto que gostava de corrigir. Como tal, não me
sinto com grandes habilitações e competências para avaliar esta obra no que diz
respeito à técnica necessária na escrita de poesia, pelo que aqui vou deixar
apenas a minha opinião sincera do que esta leitura me proporcionou.
Basta olharmos para capa para
percebermos que nem tudo o que parece é. Estamos perante um livro com uma capa
verde cujo título é “O Caderno Vermelho”. E esta é, sem dúvida, uma boa forma
de dar início à obra. Como diz a sinopse, com a obra, Pedro Cipriano quer que o
neófito abra os olhos, que comece a ver e a entender aquilo que vai para além
do óbvio nesta pequena viagem de 46 páginas.
Mas o que retrata esta viagem?
Esta viagem retrata toda a nossa vida, e quando digo nossa, não falo
individualmente mas de algo que nos engloba a todos. Na verdade, ao longo desta
obra o leitor é alertado para tudo aquilo que o rodeia e para tudo aquilo de
que faz parte, o nosso país e esta sociedade tão caricata em que vivemos.
Apesar de pequenino, foi um livro
que me proporcionou uma agradável leitura e reflexão, abrindo-me ainda mais os
olhos para esta nossa realidade. Assim sendo, penso que Pedro Cipriano
conseguiu cumprir o seu principal objectivo.
Opinião - Tomé
Começo por agradecer ao escritor Pedro Cipriano por gentilmente ter cedido um exemplar da sua obra. Infelizmente, a minha opinião sobre este Caderno Vermelho, título peculiarmente antagónico com o verde esperançoso da capa, não é muito favorável.A verdade é que a crítica a esta coletânea de poemas poderá ser, em grande parte, enviesada pela poesia que costumo ler. Como já disse por aqui, para mim, a poesia é apenas a força que move o mundo. Há dias em que a vejo por todo o lado, que a ouço no inaudível som do universo que harmoniosamente embala os fios que nos unem. E embora passe horas em busca de novos nomes neste género literário, acabo sempre por me perder ao ler Pessoa, Florbela, O’neill e demais almas nesse espectro de talento.
Assim sendo, a simplicidade da escrita de Pedro Cipriano, não dando grande margem para erros também não traz em si nada de sublime, pelo que não me cativou minimamente e tornou morosa a leitura deste pequeno volume.
A ausência de pontuação, ainda que possivelmente uma opção calculada pelo autor, não foi bem conseguida porque senti falta de um ou outro ponto final, uma ou outra vírgula, que dessem mais expressividade e dramatismo a alguns momentos.
Para quem gosta de poesia crua, simples e linear não deve deixar de ler O Caderno Vermelho. Vão encontrar uma escrita muito limpa, apropriada à frieza da temática abordada, é certo, mas com uma completa ausência de musicalidade, com rimas pobres e com uma mancha gráfica totalmente negligenciada.
Apesar de todos estes aspectos negativos, tenho de salientar o corajoso propósito do livro, que tenta acordar a consciência do leitor para os problemas da sociedade em que (sobre)vivemos. Agradou-me também a estrutura pensada, dividida em três coerentes partes – Defeitos, Enganos e Esperança – cada qual com doze poemas com relação com o respectivo da parte precedente.
É nos apresentado, por um lado, o fundo do poço – os Defeitos da sociedade –, por outro, a utopia que acreditamos estar próximos de alcançar e as ilusões que nos deixam cegar, por ser mais fácil ignorar que resolver – os Enganos – e por fim, um meio-termo, a Esperança num amanhã melhor, dentro do limite do possível, construído primeiramente a partir daquilo que somos.
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