Sobre o autor:
Pedro Cipriano gosta de escrever de tudo um pouco. É difícil definir o género literário no qual se encaixa mais, uma vez que escreve desde ficção histórica a policiais, passando por ficção científica até ensaios. Faz parte do grupo Fantasy & Co e fundou a Editorial Divergência. Profissionalmente tem doutoramento em Física experimental e dedica-se a tempo inteiro à editora, à escrita e às artes marciais.
Entrevista:
Quando é que começou a escrever?
Qual é o primeiro livro que se recorda de ler?
Não me recordo muito bem do título, nem da história para além de que envolvia um burro. Era um livro de aprendizagem de leitura com um um burro desenhado numa capa azul. O que me faz recordar é facto de o ter roubado da biblioteca para ler no fim-de-semana. Isto aconteceu na escola primária e eu devia ter uns sete anos. A dita biblioteca ainda não estava em funcionamento mas os livros estavam na prateleira e eu meti um na mala na sexta-feira e devolvi na segunda-feira sem ninguém dar de conta. Ainda não estava ao corrente do procedimento de empréstimo.
Qual é o próximo livro na sua lista de leitura?
Tenho na minha mesa de cabeceira Anna Karenina de Leão Tolstoi. Ainda estou a arranjar coragem para me atirar a ele de cabeça. Entretanto ando a ler outros mais pequenos.
Quais são os seus livros preferidos? E autores?
O escritor que admiro ao ponto de adquirir todos os seus livros é o Ken Follett, ele consegue prender o leitor desde a primeira linha. Outro autor que gosto bastante é Frank Herbert com a famosa saga Duna. Adoro O Senhor dos Anéis, Guerra dos Tronos e His Dark Materials. No campo português, admiro bastante Fernando Pessoa, Miguel Torga, Álvaro Magalhães, João Aguiar e José Saramago.
Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá?
Eu gosto muito de chá verde. Ajuda a aguentar certas noites em que não consegui pousar certos livros. Sou capaz de ler em todo o lado, seja na praia, no autocarro, comboio ou sofá. Conhecem melhor companhia para uma viagem de avião de três horas, quem ninguém nos obriga a desligar nem fica sem bateria?
Que autores influenciaram a sua escrita?
O escritor que mais influenciou a minha escrita foi Ken Follet. Foi ao ler o livro Mundo Sem Fim que eu decidi que queria conseguir contar histórias como ele. Frank Herbert é outra das minhas grandes inspirações, para além de uma história muito interessante e de um universo de uma complexidade surpreendentes, carrega também uma mensagem importante. Os clássicos são também uma fonte de ideias que nem sempre estão desactualizadas ou que necessitam de ser recuperadas e reinterpretadas.
O que o inspirou ao escrever O Caderno Vermelho?
Arrisco-me a dar a resposta mais cliché de sempre: foi o mundo. Passo a explicar, foi o estado em que está o mundo. Falo de tema actuais e bastantes pertinentes, os quais não consegui guardar só para mim. Ao inicio não pensei que estava a escrever um livro, os poemas foram saindo até eu me aperceber que já tinha uns quantos e decidir fazer um livro deles, dando-lhe uma estrutura coerente.
Como tem sido a reacção dos leitores ao seu livro?
Eu acho que está a ser boa. As críticas tem sido bastante positivas, em especial se tivermos em conta o facto de ser o meu primeiro livro. Cerca de uma em cada sete pessoas que comprou o livro classificou-o ou fez uma crítica. Não podia esperar uma reacção melhor.
Já alguma vez se deparou com alguém a ler O Caderno Vermelho por exemplo num transporte público ou outro local? Como se sentiu?
Ainda não aconteceu, mas gostava. Este acho ser o grande problema das edições de autor, são difíceis de fazer chegar ao grande publico.
Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho?
Normalmente prefiro só mostrar no fim, de preferência depois de uma revisão da minha parte. Prefiro ter a certeza que estou a mostrar algo com um mínimo de qualidade, se bem que as primeiras versões são bastante diferentes do produto final. No caso do Caderno Vermelho mostrei alguns dos poemas a alguns colegas escritores antes de ter terminado o livro.
Pensa apostar apenas na escrita de poesia ou abrir portas para outro tipo de livros?
Prefiro escrever romances e contos à poesia. De momento estou a apostar em duas vertentes que me cativam mais: ficção especulativa e policiais. Tenho vários projectos desses géneros à espera de tempo para serem concretizados ou concluídos.
Considera que se aposta nos autores portugueses, que as editoras tem deixado escapar ou que não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas?
Desde 2013 que estou envolvido na Editorial Divergência, uma pequena editora que aposta em exclusivo nos escritores portugueses. Estando do outro lado da barricada posso dizer que há bons autores que não são publicados porque os seus géneros não são comerciais. Há editoras de nicho, como por exemplo a Saída de Emergência, que têm dificuldades em manter segmentos menos comerciais. É um problema que afecta todos os negócios, é preciso que um certo produto tenha compradores para poder existir. Portanto, da minha parte como autor e editor considero que o mercado não está preparado para sustentar esses autores e por isso é que eles não são publicados. Excluindo o caso das vanities, para um livro ver a luz do dia é preciso um escritor com qualidade, um editor com visão e um publico que lhe seja fiel.
O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor?
Não há uma receita de escritor instantâneo. O mais importante para se ser escritor é querer ser escritor e trabalhar para isso. Tem um quê de inspiração, mas também muito de formação, prática e aprendizagem. Um escritor deveria escrever/rever todos os dias. Gosto de tomar o Stephen King como exemplo de quem se comprometeu com a escrita com resultados notáveis. De certo que o The Shining ficou na memória de todos os que leram o livros ou viram o filme, ou não? O Stephen escreve todos os dias 2000 palavras e depois passa o resto do dia a fazer o que lhe apetece, com isso consegue viver da escrita.
Quais são os seus projectos para o futuro?
Estou de momento a rever um romance de aprendizagem chamado A Menina dos Doces. A vida académica reserva muitas surpresas a Mariana. Entre as novas amigas e um possível namorado, a maior reviravolta é a existência de uma falecida prima, chamada Liliana, cuja memória foi ostracizada pela família. À medida que os pais se escondem em mentiras e abusos de autoridade, Mariana vai conhecendo Liliana através das cartas e do diário que ela deixou. Foi um livro que escrevi durante o Nanowrimo de 2012. É um manuscrito que trato com algum carinho, já que algumas das situações descritas aconteceram pessoas que me são próximas e acontecem todos os dias a pessoas que vós rodeiam sem quem a maioria dê de conta. Aborda temas como a negligência parental, sexualidade, morte e pressão de grupos.
Agradecemos ao Pedro por se ter disponibilizado para esta entrevista, assim como por nos ter cedido um exemplar do seu livro! Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!
Gostei de ler :) Há algum tempo que acompanho o trabalho do Pedro e não desilude. Já para não dizer que me parece um moço muito simpático :)
ResponderEliminarbeijinhos!
Olá :)
EliminarFicamos contentes que tenhas gostado de ler! É simpático sim senhora!
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