sábado, 14 de março de 2015

Opinião - "Dançar à Chuva - Biografias de Esperança", de Daniela Costa

Sinopse

Este não é um livro para suscitar pena. Não é um livro de pessoas diferentes, nem de casos tristes que aconteceram “aos outros”.

No seu dia a dia, a Daniela escreve histórias que lhe são encomendadas e que ficam no foro particular. No entanto, depara-se com pessoas que lhe contam histórias com uma carga tão grande de esperança e que transmitem tanta força que achou que as devia contar e divulgar ao público em geral.

São 14 histórias de gente que preferiu dar a volta e ver o “copo meio cheio”. Porque, de facto, em qualquer situação e circunstância, é possível beber do cálice da abundância.

As marés podem levar-nos tudo, menos a esperança. Não podemos anular uma tempestade, mas podemos sempre escolher dançar à chuva, em vez de esperarmos contrariados que ela passe.

Estas são histórias de vida de pessoas felizes! Quanto de nós têm a coragem de o ser? E de o dizer?


Opinião

Em pouco mais de centena e meia de páginas, Dançar à Chuva - Biografias de Esperança, de Daniela Costa, apresenta-nos um conjunto de comoventes histórias verídicas, onde os protagonistas, verdadeiros expoentes da personificação da esperança, não passam de pessoas vulgares que decidiram que, apesar das adversidades, o extraordinário é-lhes destinado. 

Quanto ao propósito do livro, só posso, obviamente, felicitar a iniciativa com a certeza que estes tocantes relatos irão ser profundamente inspiradores para quem, subitamente, passou a ver o céu distante a partir do fundo de um poço. 

E se a temática do livro, intricando o poder do amor pela vida com a força de vontade do ser humano, é fascinante, a escrita não esteve minimamente à altura. Com excepção de uma ou outra metáfora bem conseguida pela sua simplicidade, não há mais nada que consiga ser digno de um elogio. Somos presenteados com uma escrita pouco homogénea, alternando entre expressões vulgares e tentativas de um discurso mais trabalhado, são imensas as repetições desnecessárias e descuidadas de vocábulos a deixar transparecer um léxico para lá de pouco rico e estão mesmo presentes construções frásicas deploráveis. 

Além disso, perder-me-ia a corrigir todas as incorreções gritantes que são descritas em relação à conduta médica. Porém não posso deixar de clarificar que um ortopedista é um médico, uma toracocentese, descrita como uma operação a sangue frio onde foi aberto um buraco por entre duas costelas, não é uma cirurgia, é um procedimento cirúrgico com anestesia local. Também não é prática da medicina não barbárica dos tempos que correm arrumar crianças nos cantos das enfermarias, muito menos com fracturas expostas não tratadas até infectarem, acrescento que não existe nenhum teste da agulha em que alguém é picado da cabeça aos pés, avaliar as sensibilidades, recorrendo a uma agulha, sem causar dor, faz parte do exame neurológico. 

Ainda que perceba que os eventos são relatados de forma a transmitir dramatismo e à luz da subjectividade de uma família em sofrimento, teria sido uma boa opção manter uma certa neutralidade para não cair no ridículo do incrédulo. 

Comentários lamentáveis e ofensivos para com a classe médica foram igualmente difíceis de suportar durante a leitura deste livro, que tem um objectivo tão bonito, mas que, infelizmente, me conseguiu irritar quase do início ao fim. 

Termino relembrando que 25% dos lucros deste projecto revertem para instituições de cariz social, estando algumas relacionadas com os episódios narrados. 

Agradecemos à editora Biografias por Encomenda pela amabilidade em ceder-nos esta compilação de pedacinhos de sonhos, pouco prováveis, que ganharam forma na realidade e desejamos as maiores felicidades aos heróis destas histórias de vida, por serem exemplos de garra e coragem, por levarem ao extremo a máxima de que o que tem de ser tem muita força! 



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