sexta-feira, 15 de maio de 2015

Posso Perguntar? Posso? - com Rui Miguel Almeida

Sobre o autor:

Nascido em Coimbra em 1975, viveu quase sempre em Aveiro, que sente como a sua cidade. Aos 10 anos, pedia dinheiro para gelados e voltava com livros de quadradinhos. Aos 15, jurava a pés juntos jamais usar fato e gravata, casar e ter filhos. Passou bem ao lado de uma carreira no futebol, e ainda mais ao lado de outra no rock n’roll, após descobrir que era melhor a tocar uma régua de 50 cms que uma guitarra. Além da literatura, as suas grandes paixões são a música e a fotografia. Adora futebol, praia e viajar. Os seus primeiros textos foram poemas apaixonados, de onde transitou para os amargurados. Aos 18 escrevinhou o seu primeiro trabalho de ficção, ao qual foi somando vários outros, todos a repousar na gaveta. “O diário do meu suicídio” é a primeira obra que publica. Presentemente, usa fato e gravata, é casado e tem dois filhos. Há muito que deixou de jurar a pés juntos.


Entrevista:


Quando é que começou a escrever? 

Na escola primária, com 6 anos. Fui um sortudo, tive uma excelente professora. Mais a sério: talvez pelos 16, uns poemas muito maus. 


Qual é o primeiro livro que se recorda de ler? 

Tenho uma vaga ideia de um livro de crianças que eu tinha, com um formato que adorava: era recortado às ondinhas. A história devia ser os 3 porquinhos ou algo assim. 


Qual é o próximo livro na sua lista de leitura? 

“São Camilo, 1936” de Camilo José Cela. Requisitei-o hoje na biblioteca. Cela é um colosso, vai ser o terceiro livro que leio dele. Começa assim: “Uma pessoa vê-se ao espelho e trata-se mesmo por tu, com confiança” 


Quais são os seus livros preferidos? E autores? 

Isto de ter livros e autores favoritos não me faz sentido. Depende de tanta coisa que é impossível ser-se objectivo. Dito isto, a resposta que tenho no coração é “Conversa na catedral” de Mário Vargas Llosa. 


Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá? 

Quando o livro é muito bom, não há companhia que lhe possa fazer companhia. Ele absorve tudo à minha volta. 


Que autores influenciaram a sua escrita? 

Não sei ser objectivo na resposta, mas lembro-me de ser puto, ter lido de enfiada dois livros de crónicas do Miguel Esteves Cardoso e pensar: “vou escrever frases curtas como este gajo”. 


O que o inspirou ao escrever O Diário do Meu Suicídio? 

A resposta sincera terá de ser: não faço a mínima ideia. Parti de uma ideia inicial e fui escrevinhando a partir daí. 


Qual é a sensação de escrever um livro sobre um tema como este: o suicídio? 

Há na pergunta um mal-entendido: o livro é sobre o amor, apesar do título. 


Realizou alguma pesquisa para a escrita deste livro? 

Não, rigorosamente nada. Até confiei que a Figueira da Foz tivesse uma marina. Pareceu-me lógico. É demasiada preguiça para uma pessoa só, não é? 


Gostava de ver O Diário do Meu Suicídio adaptado ao cinema/televisão? 

Acabei de escrever este texto há 10 anos e, na altura, uma das primeiras pessoas que o leu disse-me que parecia que estava a ver na sua cabeça um filme português baseado nele. Pareceu-me um elogio J. A resposta só pode ser sim, claro que gostava. Mas fico muito contente pela pergunta, aparentemente pressupõe que o texto encerra essa possibilidade. 


As suas personagens são baseadas em alguém que conheça? 

Uma delas, sim, muito decalcada de uma pessoa que conheço, que penso nunca ter lido o texto. Não é o Diogo. 


Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho? 

Tenho muitos textos a dormir numa gaveta e já me aconteceu um pouco de tudo. Conheço alguns escritores que admiro muito e, se me arrependo de alguma coisa, foi ter pedido opinião a um ou outro, porque coloquei-os na confrangedora situação de julgarem que me iriam magoar se fossem sinceros ao apontar as falhas, quando era isso mesmo que eu pretendia. 


Considera que se aposta nos autores portugueses ou que as editoras tem deixado escapar ou não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas? 

Considero que há neste momento muita gente a escrever muito bem em Portugal. Não me parece que as editoras deixem escapar alguém que seja realmente bom. O que acontece é o mercado não chegar para todos, até porque o mercado é pequeno e tende a não premiar os bons com as suas preferências. Quem não vender pode, admito, “saltar fora”. Mas terá sempre um primeiro livro editado, se for realmente bom. 


O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor? 

Enjoy the ride! 


Quais são os seus projectos para o futuro? 

O futuro para mim tem um horizonte temporal de 6 meses, quanto muito. Os meus projectos são gozar umas boas férias e acabar um texto que ando há já demasiado tempo a escrevinhar. O primeiro sei que vou conseguir realizar, o segundo não prometo. 


Agradecemos ao Rui por se ter disponibilizado para esta entrevista! Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!

Sem comentários :

Enviar um comentário