sexta-feira, 24 de julho de 2015

Posso Perguntar? Posso? - com Ana Macedo

Sobre o autor:

"Ana Macedo nasceu em 1985, em Vila Nova de Gaia. Aprendeu a ler aos três anos, aos cinco queria ser escritora e aos catorze escreveu um romance que enviou para algumas editoras.
O seu sonho concretizou-se quando a GAILIVRO apostou no seu talento e publicou o seu primeiro livro.
Assim nasceu Lágrimas Coloridas, um livro carregado de emoções, de reflexões e contendo uma mensagem de força e de esperança.
Embora escrito por uma adolescente, Lágrimas Coloridas é o fruto de uma maturidade precoce onde a autora partilha com o leitor a essência de si própria. É, por isso, um livro para jovens lido com prazer e alguma perplexidade pelos adultos.
Lágrimas Coloridas foi referido no extinto programa Acontece como livro de qualidade e recomendado pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa. O romance vai já na 4ª edição e Ana Macedo tem percorrido o país, visitando várias escolas onde são organizados “Encontros com Autor” e é recebida com entusiasmo por alunos e professores.
Sem Pecados na Culpa, o segundo romance da autora, vai já na 2ª edição. Ana Macedo confirma assim a sua genialidade e o desenvolvimento do seu talento. Sem Pecados na Culpa é já um trabalho maduro, consistente e com qualidade literária. A sabedoria latente que começa a despontar nesta jovem levou o psicólogo Carlos Ribeiro a denominá-la de “profeta da vida” e o ilustre psiquiatra Professor Daniel Sampaio a referir que este é um livro “escrito com coragem e verdade”.
Em 2002, participou no Concurso de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, obtendo a 1ª menção honrosa em prosa.
Concluiu, em 2009, a licenciatura do curso de Saúde Ambiental, na Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto.
Ana Macedo esteve envolvida no projecto de uma nova banda, os Flat Major, finalistas do concurso Rock Rendez Worten, como autora das letras das suas músicas iniciando assim a vertente de letrista na sua carreira de escritora.
Tem um projecto na área da literatura infantil, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Chaves, e procura editora para a sua publicação.
Está a trabalhar no seu próximo romance, que promete ser ainda mais intenso e surpreendente..."

Retirado de http://anamacedoescritora.blogs.sapo.pt/

Entrevista: 

1. Quando é que começou a escrever?

O romance Lágrimas coloridas surge dos 14 para os 15 anos. Mas lembro-me de rabiscar poemas, histórias inacabadas, desabafos em diários, pensamentos. .. Desde que aprendi a escrever!

2. Qual é o primeiro livro que se recorda de ler?

Essa não é fácil. .. Talvez algum da Anita ou, ainda antes, os contos tradicionais em formato mini (o meu pai tinha a colecção) ou no livro 365 histórias. Pelo menos lembro-me de os ter lido muitas vezes e de os terem lido para mim também.

3. Qual é o próximo livro na sua lista de leitura?

Não tenho uma lista. Normalmente os livros escolhem - me... Ou porque me chama a atenção o título ou porque alguém me oferece ou recomenda. Mas tenho A menina dos olhos de ouro, de Balzac, que comprei usado numa feira do livro e pretendo começar a ler quando acabar A chuva antes de Cair, de Jonathan Coe (que um amigo me ofereceu) :)

4. Quais são os seus livros preferidos? E autores?

Tenho alguns livros que me marcaram de alguma forma e em épocas diferentes da minha vida... O meu pé de laranja Lima é um deles. A montanha da água lilás, de Pepetela, é outro. Gostei de ler na língua original O retrato de Dorian Gray, de Óscar Wild. A confissão de Lúcio, de Mário de Sá Carneiro e Vinho Mágico, de Joanne Harris, também me ficaram na memória, assim como Benjamim, de Chico Buarque.

Quando era mais nova lembro - me que me marcaram Pedro Alecrim, de António Mota e Se perguntarem por mim digam que voei, de Alice Vieira.
Há outros autores que me fascinam, Jorge Amado, Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa...

5. Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá?

Para ler um livro... A luz de um candeeiro talvez. :) E a solidão é protagonista para a leitura e para a escrita; embora não seja necessária.

6. Que autores influenciaram a sua escrita?

Embora não de uma forma consciente, acredito que todos os autores que li influenciaram de alguma forma a minha escrita; quer na forma como no estilo ou até mesmo na abordagem de algum assunto... No entanto, o leque de autores que conhecia ate à data da criação do segundo romance não era assim tão vasta... Creio que mais do que os livros que eu lia, as aulas de Português e aquilo que eu ia aprendendo sobre os diversos autores, sobre as imensas possibilidades de escrita e a riqueza da nossa língua me inspiraram para a criação das minhas próprias histórias.

7. O que a inspirou ao escrever Sem Pecados na Culpa e Lágrimas coloridas?

A inspiração surge de formas diferentes mas sempre com um elemento comum: a observação das reacções e interacções humanas. Ao contrário do que muitos conhecidos meus acham que sabem, não é fácil conhecer-me através dos meus romances, nem mesmo conhecer opiniões ou interesses. Gosto muito de fugir de mim durante o exercício da escrita (salvo algumas excepções em que a uso para mergulhar em mim, excluídas ou camufladas nas publicações ), usando "os outros" para criar novas realidades.

8. Em Sem Pecados na Culpa, João, o protagonista, tem uma doença psiquiátrica, fez alguma pesquisa para desenvolver esta personagem?

No processo de criação das minhas personagens, e sobretudo uma tão intensa e controversa como o João, as minhas "antenas" estão mais activas. Procuro e absorvo traços de personalidade, formas de estar, de entrega ou de isolamento...e também informações relevantes que tornem as minhas personagens fiáveis e reais. No entanto não me dedico a fazer pesquisa propriamente dita, em livros ou na Internet... Apenas nas gavetas do meu conhecimento.
9. As suas personagens são baseadas em alguém que conheça?

Elas vão surgindo quase em sonhos, deve ser porque adormeço a pensar nelas. Naturalmente que vão tendo características de pessoas que conheço, mas muito menos do que possa parecer à partida. E se atribuo deliberadamente um qualquer traço de alguém, procuro afastar-me dessa pessoa nas restantes características.

Atribuí quase sempre nomes de pessoas próximas ou que conheci, embora, lá está, o nome não associe a personagem à personalidade da pessoa em questão.

10. Gostava de ver alguma das suas obras adaptadas ao cinema/televisão?

Posso dizer que sim. Porque não? Seria interessante ver alguém a interpretar o João ou mesmo a Aimee ou a Maria, do "Sem pecados na culpa". Como é que o realizador imaginaria as cenas das viagens psicadélicas da Aimee?!

Ou então um filme mais leve, para adolescentes, o "Lágrimas coloridas"; mas desta vez sem vampiros ou lobisomens, para variar...

11. Já alguma vez se deparou com alguém a ler os seus livros por exemplo num transporte público ou outro local? Como se sentiu?

Engraçada a pergunta porque nunca tive oportunidade de comentar. ..aconteceu no Verão passado (ou terá sido há 2 anos?)...O meu irmão Ricardo estava de férias com os meus tios e primas no Algarve quando me enviou uma foto de 2 irmãs, na beira da piscina a ler cada uma um dos meus romances. Foi engraçada a coincidência e logo num dos poucos locais do país onde ainda não realizei Encontros de Autor, portanto onde as minhas obras não estão tão divulgadas. De qualquer forma as meninas também deveriam vir de outro local e estariam ali de férias. ..

12. Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho?

O meu processo de escrita é egoísta e não gosto de partilhar enquanto não dou o trabalho por concluído. No entanto, o facto de ter enveredado por outras vertentes da escrita, como letras para músicas e histórias infantis, impulsionou a divulgação e a interacção do meu trabalho durante o processo de produção. contudo, quanto aos meus romances, aceito e absorvo as críticas e opiniões mas apenas depois da obra publicada, pelo que estas apenas poderão influenciar um próximo trabalho...

13. Considera que se aposta nos autores portugueses ou que as editoras tem deixado escapar ou não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas?

Não sou das pessoas mais indicadas para responder a esta questão. Eu era uma autora perfeitamente desconhecida e muito jovem quando tive a felicidade de ver publicada a minha primeira obra. É certo de desde então muitas coisas mudaram no meio editorial e certamente aquilo que é comercial vem sempre à frente do que é de qualidade, mas apenas posso testemunhar como um exemplo de aposta de uma editora (a infelizmente extinta Gailivro) numa autora Portuguesa.

14. O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor?

O que poderei dizer senão que acredite em si e que seja persistente no seu trabalho até gostar dele o suficiente para o divulgar? Que leia o quanto puder e que enriqueça a alma de todas as outras formas que encontrar. O resto talvez dependa da sorte...

15. Quais são os seus projectos para o futuro?

Continuar a ser fiel ao meu estilo de escrita, procurando sempre exercitar outros que me possam também satisfazer... Terminar o terceiro romance ainda este século e publicar as histórias infantis que ainda tenho na gaveta! Poder vir a publicar noutras línguas e que não me falte "o engenho e a arte" para continuar a crescer como autora.


Agradecemos à Ana Macedo por se ter disponibilizado para a entrevista.
Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!

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