Sobre o autor:
"Nasceu em 1963 em Figueiró dos Vinhos, onde reside. É casado e tem dois filhos. Apesar de ter vivido em Coimbra, Tavira e Lisboa, é na sua terra que se sente completo, convivendo com os afetos e com os rostos de sempre. Este seu primeiro romance é fruto da necessidade de falar da saudade triste da perda de alguém que se ama, mas também da reconciliação necessária com a vida e com toda a sua beleza."
Entrevista:
1. Quando é que começou a escrever?
Comecei a escrever há cerca de oito anos. Até aí, escrevia letras para canções e alguns poemas, que guardo numa gaveta, onde estão muito bem.
2. Qual é o primeiro livro que se recorda de ler?
Não recordo ao certo. Mas deve ter sido um dos livros do
Sandokan, do Emilio Salgari. Era o autor que mais lia quando era pequeno.
3. Qual é o próximo livro na sua lista de leitura?
Infelizmente
tenho pouco tempo para pôr as leituras em dia, pois a minha vida profissional e
o estabelecimento comercial da minha esposa ocupam-me o dia todo. Ando a reler
o Dom Quixote, de Cervantes (maravilhoso), e a ler A Filha do Barão, de Célia
Loureiro, também muito bom. Mas leio muito devagar, nos poucos momentos que a
vida me permite.
4. Quais são os seus livros preferidos? E autores?
Tanto gosto de um bom romance, como gosto de literatura
fantástica. Gosto muito de toda a obra de Tolkien, do George Martin, do Valter
Hugo Mãe e do José Luís Peixoto, sobretudo.
5. Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá?
Um café é sempre uma boa companhia. Ler na praia não me
seduz muito. Para mim, o dia ideal é quando a chuva canta lá fora e se ouve uma
lareira a crepitar.
6. Que autores influenciaram a sua escrita?
Sobretudo autores portugueses, tais como o Júlio Dinis, o
Eça de Queirós, o Miguel Torga, o José Saramago, o José Luís Peixoto, o Valter
Hugo Mãe, entre outros.
7. Fantástico vs Romance, qual a maior dificuldade a escrever cada um deles?
Ao contrário do que a maioria das pessoas possa pensar, o
Fantástico é mais difícil. Tem que se ser original, tentar encontrar um tema
que nunca ninguém ainda tenha escrito, correndo-se o risco de soar estranho e
de não agradar aos leitores. O público do Fantástico é muito conhecedor, mais
exigente do que se pensa. No Romance, a maior exigência é encontrar uma voz
própria, capaz de se diferenciar de todas as outras.
No Fantástico gosto das novas fronteiras, da sensação de ir
para mundos desconhecidos e para ambientes diferentes. De me evadir para
lugares e épocas, com palavras que desafiem a minha imaginação. No Romance, gosto
sobretudo da reconstrução dos sentimentos e da reinvenção da memória, que me
levam a questionar o que sou e o mundo que me rodeia.
9. O que o inspirou ao escrever Quando o Sol Brilha?
Infelizmente foi o suicídio do meu irmão TóZé que me levou a escrever este livro. Éramos muito amigos, irmãos confidentes um do outro. Foi a maior tragédia da minha vida e eu senti necessidade de falar dos afectos perdidos para sempre. A dor da perda está na maior parte da história. É, acima de tudo, um livro triste. Mas é também um livro que fala da reconstrução da serenidade. À medida que o escrevia, a dor foi dando lugar ao apaziguamento, à necessidade de me reerguer, pelas pessoas que me amam incondicionalmente. Mas, enquanto viver, guardarei as maravilhosas memórias que tenho do meu irmão TóZé. Foi a ele que dediquei o livro.
10. Como tem sido a reacção dos leitores ao seu livro?
Muito motivadoras. Algumas chegam a emocionar-me. Mas gosto de todas as opiniões.
11. Já alguma vez se deparou com alguém a ler alguma das suas obras, por exemplo, num transporte público ou outro local? Como se sentiu?
Apenas vi pessoas a desfolhá-lo. Senti-me bem, acima de tudo por o livro despertar a curiosidade. Isso, por si só, já é uma coisa boa.
12. Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho?
Às vezes, converso com a minha esposa, sobre um ou outro pormenor, uma ou outra ideia. Mas não tenho beta-readers e sigo a escrita do livro totalmente por minha conta.
13. Pensa continuar a focar-se mais na escrita de poesia? Considera mais difícil alcançar mais pessoas através desse género literário?
Não conto publicar poesia. Se o fizesse seria sempre em edição de autor. É um género que respeito muito, que leio com muito gosto, mas que considero terreno sagrado e que não parece que seja para mim. São poucos os poetas que conseguem extrair o sangue das palavras. Não sei se o conseguiria.
14. Considera que se aposta devidamente nos autores portugueses ou que as editoras têm deixado escapar ou não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas?
Acredito que haja grandes livros injustamente esquecidos em gavetas. Mas, por vezes, é uma questão de comunicação ou de timing. O fundamental é nunca desistir, acreditar no que se escreve. Quanto à Marcador, é a editora portuguesa que mais aposta nos autores nacionais. Um notável exemplo.
15. O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor?
Que questione sempre o que escreveu, enquanto não enviar a obra para uma Editora. Por vezes, ler o livro repetidamente, é a melhor forma de o aprimorar. Posteriormente, quando o livro for publicado, que aceite as boas opiniões como um estímulo e as más como uma chamada à humildade.
16. Quais são os seus projectos para o futuro?
Não tenho grandes projectos para o futuro. O futuro é todos os dias, ninguém sabe onde e como estará daqui a um ano. Só quero que aqueles que amo sejam felizes, comigo e uns com os outros. Por isso, só peço amor à vida. O que vier a mais é apenas um bónus por existir. Gosto quando a vida me empresta pequenas felicidades. Ver um livro publicado é uma delas.
Agradecemos ao Rui Conceição Silva por se ter disponibilizado para a entrevista e por partilhar um pouco de si nestas linhas.
Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!
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