sábado, 10 de outubro de 2015

Posso Perguntar? Posso? - com Carina Rosa

Sobre o autor:

Carina Rosa nasceu em Lisboa no dia 10 de Abril de 1986 e vive no Algarve, na cidade de Loulé. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve e trabalhou em jornalismo de imprensa, numa rádio e numa televisão online. A escrita é uma paixão de criança que foi crescendo e que tomou forma em 2012, ao publicar «O Intruso», o seu primeiro romance, e desde então não tem parado de escrever. Afirma que as letras são sonhos de um escritor e de um leitor, uma estreita relação num mundo imaginário, mas real, que toca quem escreve e quem lê com um laço invisível de sentimentos. Aos 18 anos, integrou a Selecção Nacional de Trampolins e Desportos Acrobáticos, pelo Louletano Desportos Clube, participando em várias competições internacionais, e é hoje técnica de Ginástica Acrobática. «As Gotas de um Beijo» é o seu segundo romance.

 

Entrevista:

Quando é que começou a escrever e o que a motivou para tal? 
 
Não me lembro ao certo, talvez na adolescência, em que comecei a escrever coisas parvas sobre o amor. Poemas, sobretudo. O que me motivou? Talvez o sentimento. Tinha muita coisa cá dentro que tinha que deitar para fora. Porquê através da escrita? Porque sempre gostei de usar a palavra como modo de expressão. Adoro palavras e a magia que carregam quando impressas no papel. Também sempre tive a ideia de que ler não me bastava. Sentia uma inveja miudinha, boa, daqueles que escreviam e criavam grandes histórias. Eu queria ser uma dessas pessoas.
 
 
Qual é o primeiro livro que se recorda de ler?
 
As histórias da Anita. Devorava todos os livros da Anita e, mais tarde, da série «Uma aventura».
 
 
Qual é o próximo livro na sua lista de leitura?
 
Tenho vários e gosto de ter uma ordem de chegada, mas alguns livros desmotivam-me e sinto-me impelida a pegar, de seguida, numa história que tenha a certeza que irei gostar. Acho que vou ser mesmo obrigada a ler, já de seguida, «O primo basílio», de Eça de Queirós, que me sorri da estante há algum tempo.
 
 
Quais são os seus livros preferidos? E autores?
 
«E tudo o vento levou», de Margaret Mitchell, «Os Maias», de Eça de Queirós, e «O grande amor da minha vida», de Paulinna Simons, estão no topo da lista, mas tenho muitos mais que adoro! É difícil escolher alguns. Autores são estes e muitos mais: Stephenie Meyer, Natasha Solomons, Jojo Moyes, Dorothy Koomson, Célia Loureiro, Carla Soares, Liliana Lavado, entre outros. 
 
 
Qual a melhor companhia para um livro? Um café, a praia, o quentinho do sofá?
 
Sem dúvida o quentinho do sofá. Adoro praia, mas também sou muito friorenta e adoro ficar na minha solidão, eu a história, muito quentinha no sofá :D
 
 
Que autores influenciaram a sua escrita?
 
Tento retirar um pouco dos meus preferidos para mim e aprender com eles. Nicholas Sparks e Nora Roberts foram as minhas primeiras influências, embora tenha descoberto, depois desses autores, coisas ainda melhores. Fui aprimorando a minha escrita com a diversidade. Margaret Mitchell, Eça de Queirós e Natasha Solomons foram algumas dessas influências que fui recebendo com o tempo.  
 
 
O que a atrai no género Romance?
 
A intimidade, a magia, a beleza do amor. A tensão, a discórdia, a reconciliação, a fugacidade e a subtileza que se consegue imprimir numa relação entre dois seres-humanos. 
 
 
O que a inspirou ao escrever As Gotas de um Beijo?
 
Teve uma inspiração engraçada, baseada num amigo, divorciado e solitário, encantado por uma rapariga mais nova, que tinha acabado de se mudar para a porta ao lado. Tivemos conversas interessantes sobre ela e depois eu disse: “Ainda vou escrever esta história. Vai chamar-se «A rapariga da porta ao lado»”. O nome mudou, mas a história ficou, com muitas nuances fictícias, mas uma base real. 
 
 
Como tem sido a reacção dos leitores ao livro “As Gotas de um Beijo”? E às outras obras?
 
«As Gotas de um Beijo» causou controvérsia. No geral, as pessoas gostaram da história. Outras adoraram. Mas acho que consegui irritar alguns dos meus leitores com o David, um homem indeciso, apaixonado por duas mulheres, de maneiras diferentes. Penso que os leitores, no geral, não gostaram muito dele. Ainda assim, sinto que é uma obra acarinhada. As outras obras são mais coerentes em termos de opiniões, mas o que mais me deixa feliz é ver que sou uma autora acarinhada pelos leitores. As pessoas gostam dos meus livros, do meu género, e embora por vezes não satisfaça as delícias de todos, no geral, querem voltar a ler-me, porque passam bons momentos com as minhas histórias e com os seus personagens. O que posso pedir mais?
 
 
Já alguma vez se deparou com alguém a ler alguma das suas obras, por exemplo, num transporte público ou outro local? Como se sentiu?
 
Infelizmente, a ler, ainda não. Mas sim a folhear numa feira, «As Gotas de um Beijo», e «O Intruso», na FNAC. Não sei se ambos os leitores levaram os livros. É uma sensação de responsabilidade. Não quero desiludir os leitores, como é óbvio, nem fazê-los gastar dinheiro em algo que não presta. Sentir-me-ia mesmo muito infeliz se isso acontecesse. Até agora, penso que não tem sido o caso e isso deixa-me feliz e orgulhosa do meu trabalho, claro. 
 
 
Quando escreve vai mostrando a alguém ou só no final pede opinião? E quem é a primeira pessoa a quem mostra o seu trabalho?
 
Depende das histórias. Há histórias em que confio e outras que só me dão dúvidas. Quando tenho muitas dúvidas, prefiro mostrar um plano da estrutura da história, primeiro, ou capítulo a capítulo, para sentir aprovação do outro lado e saber se estou a caminhar na estrada certa. Outras vezes, mostro só no final e rezo para que a pessoa do outro lado sinta o mesmo que eu. Geralmente, gosto de mostrar a um leitor-beta qualificado e, na maioria das vezes, peço uma leitura à Ana Ferreira, do blog Crónicas de uma Leitora, quando ela tem disponibilidade. É licenciada em línguas, literatura e cultura e tem um mestrado em ensino de Inglês e Alemão.
 
Se ela não tiver disponibilidade, peço a autores amigos, entre os quais a Carla Soares ou a Célia Loureiro, que muito me têm ajudado com as minhas obras e contos. Também costumo pedir leituras a leitores em quem confio, entre os quais bloguers que, por vezes, fazem este tipo de trabalho como leitores-beta. A Silvana Martins, do blog «Por detrás das palavras», tem sido uma das minhas escolhas, uma bloguer e amiga incansável, que tem dado tudo o que tem para me ajudar. Ela é exigente e minuciosa e é dessas pessoas que preciso. 
 
 
Considera que se aposta devidamente nos autores portugueses ou que as editoras têm deixado escapar ou não dão a devida atenção e visibilidade a bons livros escritos por pessoas menos conhecidas? 
 
Sem querer falar de mim, porque a opinião que temos relativamente à nossa própria pessoa é sempre tendenciosa, penso que as editoras apostam nos autores que lhes dão garantias a nível de vendas e, infelizmente, tenho visto autores portugueses muito fracos com oportunidades que outros muito maiores não tiveram ainda, pura e simplesmente porque têm boas estratégias de marketing e vendem muito. Outros são caras conhecidas e o livro nem precisa de ser digno desse nome para ser lido. Conheço muito bons autores portugueses que não têm a mesma visibilidade, o que é muito triste. Penso que a qualidade devia estar acima de tudo, mas compreendo que tudo gira à volta de investimento e de retorno financeiro. 
 
 
O que diria a alguém que se estiver a iniciar como autor? 
 
Diria que escrevesse para si, não para os outros, sem pensar em publicações, em capas bonitas ou em ter o seu próprio livro na estante. Diria que se apaixonasse pela própria história e que se deixasse levar por ela como se fosse um mero leitor do lado de fora. A expectativa de uma publicação, o objectivo de alcançar determinado número de vendas ou de chegar a mais leitores destrói toda a magia que o acto de escrever um livro imprime no autor. E não há magia igual a criar e apaixonar-se pela própria história. Diria que escrevesse e se apaixonasse. O resto, há-de chegar. 
 
 
Quais são os seus projectos para o futuro?
 
Neste momento, publicar em papel «O escultor», um romance policial que tenho pensado e delineado desde 2012, entre muitas revisões. Gostava muito de poder tê-lo como miolo de uma capa linda, que eu pudesse folhear e colocar na minha estante para sempre. E lá está a destruição de que falei há pouco! A expectativa de publicar e depois a desilusão de não o conseguir acabam por destruir um bocadinho o prazer e o trabalho que tive ao escrever a história. Mas não poderão nunca destruir a minha paixão.
 
Outros projectos futuros? Continuar a ter inspiração e a tirar prazer da escrita. Voltar aos romances contemporâneos e publicar outros contos e novelas entretanto, sem dúvida. :)
 
 
Deixamos aqui o nosso obrigada à Carina Rosa por se ter disponibilizado para esta entrevista e por partilhar um pouco de si no nosso paraíso.
Desejamos-lhe as maiores felicidades e sucesso!

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