Sinopse
"Na Lisboa de 1904, um jovem chamado Tomás descobre um diário antigo onde é mencionado um artefacto extraordinário que poderá redefinir a história. Ao volante de um dos primeiros automóveis da Europa, Tomás aventura-se pelo país em busca deste objeto invulgar. Trinta e cinco anos depois, em Bragança, um patologista, leitor voraz dos romances de Agatha Christie, vê-se enredado num mistério que é consequência da demanda que Tomás levara a cabo. Décadas mais tarde, um senador canadiano refugia-se numa aldeia no Norte de Portugal após a morte da mulher. Com ele traz um companheiro invulgar: um chimpanzé. E eis que é desvendado por fim um mistério com cem anos.
As Altas Montanhas de Portugal é um romance original e empolgante que explora com mestria questões prementes da condição humana. Cheio de humor e surpresas, leva-nos numa viagem pelo Portugal do século passado que é também uma viagem interior."
Opinião
Como uma canção de amor ao Nordeste português, As Altas Montanhas de Portugal é uma obra sui generis. Lê-la foi como estar permanentemente naquele momento quase alucinatório antes de adormecer, em que os sonhos se fundem com a realidade e, curiosamente, tudo parece plausível, tudo parece encaixar-se no mundo real.
A acção encontra-se dividida em três partes aparentemente separadas, mas que se encontram das formas mais inesperadas num só lugar: Tuizelo, Bragança. Uma viagem num dos primeiros automóveis, uma noite num gabinete de medicina legal e uma adopção pouco convencional parecem ter tanto em comum como água e azeite. Porém, as voltas e reviravoltas de cada uma das histórias levam a um único fio condutor e, à chegada, e sobretudo no final do livro, fiquei com a sensação de que o círculo se fechava, de que tudo acabava no sítio certo. Esta originalidade do enredo é apenas amplificada pela forma como se encontra escrito e traduzido, quase como se tivesse sido escrito na língua-mãe do país em que a maior parte da acção decorre.
São utilizados ao longo dos três contos elementos comuns que o narrador visita e revisita, como o chimpanzé e o rinoceronte-ibérico, que ganham novos significados à medida que se avança na obra. É também interessante assistir à evolução das personagens, às reflexões que fazem, ao que perseguem, porquê e como.
No geral, As Altas Montanhas de Portugal é uma obra de leitura agradável, uma viagem única pela imaginação do autor, com personagens bem construídas. É um meio-impossível que parece, no mundo construído por Yann Martel, o único possível que há, o que torna esta obra verdadeiramente especial.
Para mais informações sobre o livro, consulte o site da Editorial Presença aqui.
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