quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Opinião “O Homem Duplicado”, José Saramago

Sinopse:

“Tertuliano Máximo Afonso, professor de História no ensino secundário, «vive só e aborrece-se», «esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer nem lembrar-se dos motivos por que se separou», à cadeira de História «vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem fim».

Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pêlos do corpo»...

Depois desta inesperada descoberta, de um homem exactamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem. A empolgante história dessa busca, as surpreendentes circunstâncias do encontro, o seu dramático desfecho, constituem o corpo deste novo romance de José Saramago.”


Opinião:

É sabido que não sou a maior fã assumida de clássicos e muito menos de José Saramago. No entanto, como já devem ter reparado ando a tentar corrigir esta grande falha nas aventuras literárias da minha vida! E a verdade é que fico surpreendida comigo própria e com o mundo no geral!

Apesar de compreender porque é que os clássicos não são muito apelativos, admito que a não leitura dos mesmos constitui uma grande perda para quem não os lê. Esta não é a primeira obra do autor que leio! Como a maioria das pessoas, o meu primeiro contacto com José Saramago foi na escola, onde “O Memorial do Convento” constitui uma leitura obrigatória e de análise exaustiva. E, na minha opinião, isto traz consigo vantagens e desvantagens. Se, por um lado, é importante que faça parte da nossa educação, por outro a obrigatoriedade a ele associada, os prazos de leitura inerentes, e a própria análise exaustiva podem retirar um pouco da magia da sua leitura a certos leitores – e aqui identifico-me. Mas, felizmente, encontrei pessoas ao longo da minha vida que não sofreram deste mal e que me fizeram querer dar outra oportunidade ao autor.

Face a isto, comecei por ler um pequeno conto – “O Conto da Ilha Desconhecida” – que foi uma pequeníssima amostra daquilo que estava a perder. Por isso, de seguida, aventurei-me a ler “O Homem Duplicado”. No que diz respeito à história em si, a narrativa desenrola-se essencialmente em torno da vida da nossa personagem principal – Tertuliano Máximo Afonso – professor de história, divorciado, mas com uma relação de 6 meses com Maria da Paz.

Mas como seria de esperar do vencedor do Prémio Nobel da Literatura, esta obra não poderia ser apenas uma história, apenas uma narração. Como me disse e bem a bloguinha Tomé, a história é apenas um entretenimento para as pérolas que vamos encontrando ao longo da narrativa e para a transmissão da mensagem pretendida pelo autor.

Tudo começa quando Tertuliano Máximo Afonso vê um vídeo, por sugestão do professor de Matemática, no qual identifica um actor exactamente igual a si próprio. E aqui podem perguntar-se “Como seria se houvesse alguém no mundo igual a nós próprios?” Em paralelo, podemos acompanhar ainda a relação de Tertuliano com Maria da Paz, uma pessoa paciente, que trabalha num banco, e que muitas vezes me fez lembrar todos nós leitores – que lemos, lemos e lemos e aprendemos tanto com o que lemos!! Para além desta sua característica de leitora, temos também aqui uma pessoa romântica, esperançosa que, apesar de não ser a personagem principal da obra alcança um lugar muito especial não só no nosso coração, mas no coração de todas as personagens que dela fazem parte.

Mas confesso que o melhor para esta leitura é enveredar nela sem quaisquer expectativas. Claro que não podemos esquecer que não é uma obra escrita recentemente. Não podemos esquecer que há obras que não devem ser lidas de um folgo só (apesar que a partir de certo ponto tive que o fazer, tal era o mistério criado pelo autor), mas sim apreciadas à velocidade que cada um achar adequada. E não podemos esquecer que cada leitura tem o seu tempo!

Atrevam-se a conhecer Tertuliano Máximo Afonso, Maria da Paz, e claro, “O Homem Duplicado”. :)
 

 
Podem encontrar também neste nosso cantinho, as opiniões da Sofia e da Tomé.

2 comentários :

  1. Sou uma fã aguerrida de Saramago e adoro quando ele consegue conquistar mais um leitor! Fico muito feliz por te teres juntado ao clube daqueles que se deixam arrebatar pela magia, pela originalidade e pelo encanto de algumas personagens (Saramago sabia como ninguém mimar-nos com personagens femininas inesquecíveis) de obras como "O homem duplicado"!
    Bem-vinda!

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    1. Olá Ana :)

      Desde já peço desculpa pela demora na resposta!
      Ainda não li a maioria das obras do autor, mas já me disseram que "O Ensaio da Cegueira" é capaz de ser demasiado para mim :), por isso vou aos bocadinhos :)!

      Obrigada!

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