sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Opinião "A Rainha Branca", Philippa Gregory

Sinopse

""A Rainha Branca" é a história de uma plebeia de grande beleza, que ascende à realeza, servindo-se dos seus trunfos e que casa com o rei Eduardo IV. Embora de origens humildes, ela mostra estar à altura da sua elevada posição social e que luta tenazmente pelo êxito da sua família.Uma mulher cujos filhos estarão no âmago de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o misterioso desaparecimento dos dois príncipes encarcerados na Torre."


Opinião

Esta foi a primeira obra de Philippa Gregory que li, e também a primeira de Ficção Histórica que leio desde há muito tempo. O género, à distância, nunca me cativou, mas fiquei com alguma curiosidade de ler outros títulos, especialmente de autores portugueses.

Achei sobretudo o ritmo do livro muito diferente do habitual, e este foi em grande parte o motivo pelo qual demorei tanto tempo a ler as primeiras 100 páginas. No início da obra, é algo perceptível que o início da vida de Isabel Woodville é pouco conhecido, ou pouco relevante para o enredo principal. Os capítulos muito curtos, bastante espaçados no tempo, representando fases distintas da ascensão de Isabel ao trono de Inglaterra, souberam a pouco e criaram um distanciamento inicial em relação à protagonista que não consegui evitar que influenciasse a minha leitura de toda a obra. Uma vez que esta relata a vida de uma personagem histórica, tentando reconstruir a partir de registos que são escassos, compreendo que o ritmo seja distinto e, ao tentar abranger um período de tempo tão vasto, a atenção tenha de ser dividida. Porém, e sendo que existe uma componente forte de ficção, fiquei com a sensação de que, lido à luz dos capítulos iniciais, o resto da obra não foi tão bom quanto poderia ser...

Outro ponto negativo desta obra foi a qualidade da tradução. Com algumas frases que não fazem sentido, nomes trocados e bastantes vírgulas fora do sítio, uma revisão atenta poderia ter tornado a leitura bastante mais agradável.

Uma mulher, Isabel Woodville, é o centro da acção, o que é uma perspectiva que me agradou. Gostei de ler a perspectiva de uma mulher sobre um "Jogo de Tronos" dominado por homens, os Reis de Rainhas que são comummente as personagens secundárias. E esta não uma mulher comum, mas uma que não se limita a ficar nas linhas laterais, que joga o jogo manipulando, invencível até não o ser. Que paga o preço da sua ambição.

O sobrenatural desempenha também um papel importante. Descendente de Melusina, deusa das águas, Isabel é auxiliada pelos poderes desta e ouve os seus sinais. Esta presença dá um colorido à obra que a mera descrição dos factos não daria. Os artifícios da autora e o seu dom para a descrição ficaram também bem patentes nos relatos das batalhas, tão exactos quanto claros, pintando cenas que, na imaginação, se desenrolavam que nem as de um filme.

O final foi também um ponto forte. Não por ser engenhoso ou particularmente bonito, mas por não procurar ir além dos limites que a ficção deve ocupar numa obra que é essencialmente histórica, apenas para fazer um embrulho bonito. Na História do Mundo, por vezes as pontas são deixadas soltas, sem ser suposto atá-las de novo, e a autora soube respeitar o equilíbrio entre o facto e a ficção não só nas últimas linhas, mas em toda a obra.


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