Sinopse
Mr. Lockwood aluga uma casa no Yorkshire para uma calma temporada no campo. Contudo, certa noite, ao ver-se forçado a pernoitar na obscura mansão de Wuthering Heights à conta de uma forte tempestade, irá descobrir e quase reviver os tormentosos acontecimentos aí ocorridos anos antes, e que perduram no tempo como uma terrível maldição.
O Monte dos Vendavais centra-se na relação intensa entre Heathcliff, um jovem cigano adotado, e Catherine Earnshaw, a filha do próspero patriarca que acolhe Heathcliff no seio da sua família, e explora magistralmente as consequências trágicas da escolha que Catherine teve obrigatoriamente de fazer entre o amor de Heathcliff e as obrigações sociais a que estava sujeita por condição e nascimento. Esta é uma história de amor intenso e trágico que o tempo há muito consagrou.
Opinião
O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë, figurava na minha to-read list de clássicos desde sempre e, sendo este um dos meus géneros de eleição, parti para a leitura com grandes expectativas. Não podendo dizer que fiquei desiludida, posso afirmar que esta obra não me fez sentir aquilo que eu esperava.
O Monte dos Vendavais narra um grande amor, um amor capaz de ultrapassar a própria morte, mas fá-lo de uma maneira nada ortodoxa tendo em conta a época em que foi escrito. Os protagonistas, Catherine e Heathcliff, são totalmente anti-heróis, com mais defeitos do que qualidades, algo inusitado num romance, e por isso percebo o intemporal mérito deste livro, não discordo que seja uma obra-prima, principalmente atendendo ao seu tempo e contexto.
Reconheço a Emily Brontë a sua capacidade de nos fazer sentir o vento gelado do Monte dos Vendavais bater-nos amargamente na face, através do ambiente hostil e sombrio, pincelado de maldade atmosférica, que ela consegue criar. Até o facto de nos contar uma história de duas famílias que vivem numa espécie de isolamento torna esta leitura claustrofóbica e desconfortável. Emily Brontë apresenta-nos corajosamente um amor que em vez de construir, destrói, um amor corrompido por fraquezas de carácter, por distúrbios da personalidade, por histrionismos, por hipocrisia, frustração e vingança. Se odiamos os seus intervenientes? Não. Se tememos por eles e pelas suas desgraças? Muitas vezes.
Curioso também como a meteorologia tinha mudanças a par dos tumultos da narrativa, a tristeza e o conflito despertavam ventos e tempestades, a calmaria trazia o sol doirando a erva verdejante, e este pormenor aliado à transcendência dos sentimentos fazem-nos sentir um sopro na nuca enquanto lemos, algo sobrenatural nos mantém as mãos frias enquanto seguramos este livro.
Tenho de deixar uma palavra sobre o Heathcliff por ser uma personagem que não vou esquecer tão cedo, pela sua intensidade e loucura, pelo seu desejo imensurável de vingança. Para mim a melhor descrição do seu romance com a Catherine é frase de Nietzsche "Ninguém é tão louco que não possa encontrar outro louco que o entenda."
Apesar de tudo isto, gostava de ter gostado mais deste livro e depois de pensar o porque de ele não me ter enchido as medidas acredito que tenha que ver com a escrita de Emily Brontë, por vezes demasiado teatral tornando alguns momentos pouco verosímeis. Além disso, a minha edição, que faz parte duma colecção de clássicos com capas lindíssimas, tem uma tradução que fica entre o péssimo e o lastimável o que me enervou em alguns momentos, talvez valha a pena ler este tipo de livros na sua língua mãe.
Este livro, sufocante e triste, não deixa de conter uma mensagem de libertação e esperança, mas até a vermos sofremos com estes personagens como milhares de leitores têm vindo a sofrer durante décadas, e é isso que torna os clássicos livros mágicos: a imensidão de tempo e pessoas que conheceram a Catherine e o Heathcliff e que temeram o gélido vento do Monte dos Vendavais.
Excelente opinião, acho que transparece quase integralmente a minha própria opinião! Longe de ser um clássico preferido, é um que com certeza marcou o meu percurso literário :)
ResponderEliminarOlá Mariana :)
EliminarÉ engraçado quando alguém tem uma opinião similar à nossa :)
É um livro estranho e inesquecível, mas concordo não foi suficiente para entrar nos meus preferidos!
Boas viagens,
Bárbara Tomé