sexta-feira, 5 de junho de 2020

Opinão "15 (ou quem concebeu o mundo não lia romances)", André Éme

53408213Sinopse

Razão e coração.

Todos os dias, há milhões de coincidências que não acontecem. Mas as que acontecem ficam gravadas na nossa memória e acabamos por chamar coincidências a acontecimentos que a razão nos diz serem meras probabilidades matemáticas.

A morte do Quinze – uma figura pouco querida, mas familiar – e a reunião improvável de tantas antigas companheiras em torno do seu funeral, leva o narrador a fazer uma viagem dentro de si mesmo, à boleia de um ciúme tardio que o incomoda e envergonha.

Nesse caminho interior desenhado pelas memórias que se vão alinhando, os acasos tendem a ser negados, mas… até a menor probabilidade matemática acaba por poder mudar vidas – afinal, são tantas as ocasiões em que a lógica explica, mas não satisfaz!

Coração e razão.

Opinião


A Chiado Books, uma das primeiras parcerias aqui do blogue, tem um imenso catálogo que dá primazia a autores de língua portuguesa e oferece-nos géneros muito diversificados. Talvez pela grande quantidade de livros publicados pela editora alguns títulos acabem por passar despercebidos, felizmente, 15 (ou quem concebeu o mundo não lia romances), de André Éme, chamou a minha atenção pela sua curiosa sinopse. 

Esta narrativa começa com um funeral e uma interessante premissa. O nosso protagonista encontra no funeral de um conhecido, o Quinze, um desfile de mulheres que fizeram parte da sua vida, uma coincidência no mínimo estranha e que o leva a questionar que relação elas poderiam ter tido com o finado, sendo assaltado por uma espécie de ciúme. 

A partir daqui acompanhamos a nossa personagem principal enquanto ela percorre o caminho das memórias das relações passadas, na tentativa de se encontrar a si mesma, perceber o que falhou e onde falhou. Um busca que todos nós acabamos por fazer em algum momento da nossa vida, questionando o que esperamos das relações, o que estamos dispostos a dar e o que conseguimos receber. 

15 (ou quem concebeu o mundo não lia romances) não foi tão bom como o seu título e a sua sinopse faziam prever, o final previsível e adocicado não me encantou, mas André Éme escreve de uma forma clara e envolvente, proporcionando-nos uma leitura muito agradável e rápida e deixando no ar a grande questão da procura da pessoa certa como a derradeira necessidade para nos completarmos enquanto seres humanos e cumprirmos o nosso propósito. 

amar é bom, mas faz ferida 



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