Sinopse:
Gente Feita de Terra conta a história de duas mulheres, mãe e filha, dos anos 60 até ao início do século XXI.
A mãe parte jovem de um Alentejo sem futuro, perseguindo um amor na Angola colonial portuguesa, que de princípio a recebe como lhe pertencesse, para depois a expulsar, como a todos, em desespero, mostrando-lhe que a pertença não passara de ilusão.
A filha é uma jovem viúva que habita na Lisboa suburbana do nosso século, rápida e desenraizada, e que na história da mãe tenta perceber a que lugar pertence.
Gente Feita de Terra transforma, num estilo clássico e bem elaborado, as histórias recentes de Portugal e Angola, com as suas violentas atribulações, em sentimentos, sensações, sentidos de uma grande riqueza.
Serão os lugares o que as pessoas deles fazem, ou serão as pessoas o resultado dos lugares?
Opinião:
E graças ao meu novo Kobo enveredei na última obra da Carla mais cedo do que o esperava. Como fã incondicional da autora que sou, tenho sempre as expectativas lá em cima.
Gente Feita de Terra assemelha-se um pouco a Limões na Madrugada, uma obra de certa forma mais intimista, repleta essencialmente de sentimentos. No entanto, confesso que tive alguma dificuldade em empatizar com as personagens da obra desta vez.
A narrativa desenrola-se essencialmente em torno de Brígida, que no auge da paixão por Alberto, vai onde o coração a leva – à Angola colonial portuguesa. Em paralelo, acompanhamos também a sua filha – Mena - que tenta perceber a história de vida dos pais, contando-nos aquilo em que acredita na primeira pessoa. E foi por isto que talvez não tenha conseguido empatizar completamente com esta história.
Se, por um lado, quando lemos um livro sabemos que se trata de ficção, a verdade é que durante a leitura, apesar da ficção, encaramos a história e o mundo que nos é revelado como real e embarcamos nele. Quando me apercebi que o que me estava a ser contado se tratava daquilo que Mena pensava que tinha acontecido, nomeadamente no que diz respeito a sentimentos, não consegui compactuar com as acusações.
No entanto, apesar deste percalço na empatia, foi o primeiro livro que li com a Angola colonial portuguesa como pano de fundo, o que foi extremamente enriquecedor. E se Brígida viveu aquilo que Mena acha que viveu, então não há palavras. Desde a ingenuidade do amor à primeira vista, à coragem na mudança de vida e para um local totalmente desconhecido, torna-se uma personagem de louvar.
No que diz respeito à escrita da autora, nada a apontar como sempre. São sempre obras que valem a pena ler, música para os meus ouvidos 😊. Independentemente de para mim esta obra não ter sido aquilo que estava à espera, vou sempre querer ler mais livros da autora e penso que também não vou esquecer esta história tão cedo.
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