quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Opinião “Demência”, Célia Correia Loureiro

Sinopse:

Numa pequena aldeia beirã, duas mulheres de gerações diferentes leem o seu destino nas mãos de um mesmo homem: Letícia foi vítima de um marido ciumento e manipulador, e Olímpia é a mãe extremosa desse agressor.

Mas quando Letícia regressa para assistir Olímpia, aos primeiros sinais de demência, os traumas que traz na bagagem ameaçam estilhaçar o silêncio conivente dos aldeões. Ainda que ostracizada, Letícia esforça-se por esquecer os tumultos do seu casamento, enquanto Olímpia pede ajuda ao amigo de infância, Sebastião, para reconstruir as próprias memórias e entender o que se passou com o seu único filho.

Demência traz-nos, através das vivências destas duas mulheres, a dura realidade de um Portugal rural e ainda tendencioso, e faz-nos repensar o significado de família e de comunidade, de inocência e de culpa.


Opinião:

Para quem não sabe, a Célia é uma das minhas autoras portuguesas preferidas e, assim sendo, é certo que quero ler todas as suas obras, inclusive as mais antigas, atualmente mais difíceis de adquirir. Mas felizmente ainda consegui arranjar um exemplar de Demência para a estante cá de casa! E, uma vez que já decidi que vou ler todos os seus livros, a verdade é que parti para esta leitura sem sequer ler a sinopse.

Se por um lado gostei da escrita da Célia quando iniciei a leitura dos seus romances históricos, a verdade é que quando enveredei pelas obras mais intimistas, o carinho pela autora aumentou ainda mais. Por isso, ainda no início desta opinião digo sem reservas para escolherem um livrinho da autora.

No que diz respeito a Demência, o título chamou-me logo à atenção, não fosse o que vejo todos os dias durante o trabalho. No entanto, esta obra relata bem mais do que este tema, complicando um pouco a situação que, já por si só, é delicada.

Como diz a sinopse, a narrativa desenrola-se em torno de duas mulheres de gerações diferentes: Letícia - vítima de um marido ciumento e manipulador - e Olímpia - a mãe desse agressor. Com a Demência a avançar, aos vizinhos não ocorre outra solução senão contactar Letícia, a única familiar que poderia cuidar de Olímpia. No entanto, estas não têm uma boa relação como seria de esperar. E é a partir desta premissa que a narrativa se desenrola, tornando esta obra em bem mais do que aquilo que aparenta.

Trata-se de uma história impossível de esquecer, e que não deixará ninguém indiferente. Apesar de Letícia e Olímpia serem, de facto, as personagens fulcrais desta narrativa, ficam também no coração principalmente as filhas amorosas de Letícia, e Sebastião que me fez lembrar do quão bonitas podem ser as pessoas, sejam elas pequenas, adultas ou idosas.

Espero poder continuar a ler livros da autoria da Célia. Tenho cá em casa ainda a aguardar O Funeral da Nossa Mãe e Pássaros. E vocês já leram? 😊


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