quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Opinião “Toda a luz que não podemos ver”, Anthony Doerr




Sinopse:

Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição. Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.




Opinião:

Apesar de se tratar de um livro já disponível em Portugal desde 2021, a verdade é que só agora consegui pegar nele. Quando vi que seria adaptado a série pela Netflix, e porque normalmente gosto de ler as obras antes de ver a sua adaptação cinematográfica, pensei comprar, lê-lo e incluir esta leitura no projeto Hol79 da Dora Santos Marques.

Globalmente, não tenho como dizer que não se trata de um bom livro. No entanto, a leitura não foi propriamente aquilo de que estava à espera. A narrativa desenrola-se essencialmente em torno de Marie-Laure e Werner, duas personagens diferentes e com as quais, de facto, se torna impossível não empatizar. E este, no meu ver, é provavelmente o ponto mais positivo da obra.

Em pleno cenário da Segunda Guerra Mundial, vamos acompanhando a vida destas duas personagens de 1939 a 1945. Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai e que se refugia em Saint-Malo aquando da invasão da França pelas tropas de Hitler. E, se o cenário já por si só é mau, como será para quem não consegue ver, viver durante estes anos neste mesmo cenário? A descrição da leitura de livros em braile, a construção de maquetes, contagem de passos é, de facto, maravilhosa e real. Depois conhecemos Werner, um órfão alemão que acaba por integrar a escola militar da Juventude Hitleriana. De salientar a tenra idade destas personagens, cujo carácter ainda se estava a construir e que tiveram muitas vezes que ver e compactuar com situações perturbadoras. No entanto, não deixaram de ser personagens com coração e sentimentos.

Até aqui penso que poderia dizer que gostei da obra; no entanto, paralelamente à vida destas personagens, acompanhamos também a história de uma joia valiosa que esteve guardada no Museu Nacional de História Natural em Paris. E foi aqui que senti que as coisas não fluíram tão bem, não tendo sido claro para mim o destaque dado a esta joia, muito menos em pleno cenário de Segunda Guerra Mundial.

No entanto, pelo que já me fui apercebendo, esta obra conquistou muitos leitores, e talvez mereça uma nova oportunidade mais tarde. Não me importava nada de voltar à vida de Marie-Laure e de Werner, e levo-os a eles, de facto, no meu coração de leitora.


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