sábado, 20 de dezembro de 2014

Opinião - "A Filha do Barão", Célia Correia Loureiro

Sinopse:

“Quando D. João tece a união da sua única filha, Mariana de Albuquerque, com o seu melhor amigo - um inglês que investiga o potencial comercial do vinho do Porto -, não prevê a espiral de desenganos e provações que causará a todos. Mariana tem catorze anos e Daniel Turner vive atormentado pela sua responsabilidade para com a amante. Como se não bastasse, o exército francês está ao virar da esquina, pronto a tomar o Porto e, a partir daí, todo o país. No seu retiro nos socalcos do Douro, Mariana recomeça uma vida de alegrias e liberdade até que um soldado francês, um jovem arrastado para um conflito que desdenha, lhe bate à porta em busca de asilo. Daniel está longe, a combater os franceses, e Gustave está logo ali, com os seus ideais de igualdade e o seu afeto inabalável, disposto a mostrar-lhe que a vida é bem mais do que um leque de obrigações.”

1809. Num Portugal invadido só o amor poderá unir o que os homens dividem. A Filha do Barão: uma história de amor que atravessa fronteiras; um romance histórico com alma lusitana.



Opinião:

“A Filha do Barão” foi o primeiro romance histórico que me atrevi a ler. E confesso que foi uma óptima escolha para começar. Tenho vindo a ler com mais frequência livros de autores portugueses. No entanto, a verdade é que nunca nenhum dos que li me lembrou tanto o que é ser português e o quão bom é sê-lo. No fim da leitura deste livro, ficou em mim uma sensação de orgulho e de agradecimento para com a Célia Loureiro. E vou reforçar o que nos diz a sinopse deste livro: aqui têm “um romance histórico com alma lusitana”.

Falando do livro em particular, sendo um romance histórico, temos como palco Portugal aquando da invasão francesa. Claro que não vou aqui dar uma lição de história, até porque não tenho conhecimentos suficientes para tal. Já a Célia tem-nos. Em todo o livro conseguimos sentir a grande pesquisa nele envolvida e a veracidade dos acontecimentos em cada descrição. Desde os franceses aos ingleses, à fuga da monarquia portuguesa, aos tradicionais casamentos arranjados, às diferenças sociais, foi tudo muito bem pensado e contado.

Claro que à história não podia faltar o amor, a amizade, a felicidade, a tristeza, a traição e, mais importante ainda, o perdão: sentimentos tão nossos.  Confesso que ao longo da narrativa senti-me muitas vezes a “Mariana” :). Ficou em mim a esperança de o amor surgir de onde menos esperamos, como menos esperamos. E aqui sinto-me aprisionada, porque se falar um pouco mais vou inevitavelmente fazer spoilers a alguém e não me perdoaria. Só consigo dizer que já não me lembrava de ler algo tão rico. E não, não é nada visível, e ainda bem que não o é. Está tudo por detrás de cada palavra, de cada suspiro e de cada descrição de Célia Loureiro.

No que diz respeito às personagens, a autora conseguiu também aquilo que mais prezo num livro: a empatia para com as mesmas, sem excepção. Não sei como o fez. Acho que já li em alguma opinião que a Célia tem um dom, e acho que não poderia concordar mais. É como se nos levasse a cada página por que passamos, despertando em nós sentimentos de amizade, compaixão, tristeza, ódio e até compreensão. É incrível como é que no início conseguia não gostar de alguma personagem e cheguei ao fim com um sentimento de compreensão e carinho para com ela. Tive pena de não conhecer ainda melhor Gustave, apesar de tudo. Sinto que me faltou isso. No entanto, provavelmente foi culpa minha, uma vez que fui devorando rapidamente as últimas 200 páginas :). Certamente um dia irei reler e saborear novamente esta grande obra.

Arrisco-me a dizer que esta é uma obra perfeita: repleta de uma escrita brilhante, sentimentos maravilhosos e de uma história real e bem fundamentada. Sendo sincera, durante a leitura dei por mim a comparar a autora com Jane Austen. Para quem leu a minha opinião ao livro “Orgulho e Preconceito” sabe que este é dos maiores elogios que posso dar a Célia Loureiro. Em “A Filha do Barão” temos igualmente uma escrita de requinte, cuidada, intemporal, e com um característica só sua: a alma lusitana.

Citando a Carina Rosa, também eu concordo que a esta narrativa “não falta nada, nem uma boa escrita, nem interesse e emoção”.

Fiquei a saber que o livro terá continuação e espero por ele ansiosamente. Deixo aqui os meus parabéns à Célia, não só pela grande obra que escreveu, mas também por tudo aquilo que conseguiu transmitir com ela. E claro, como não poderia deixar de ser, os meus sinceros agradecimentos à Marcador Editora que tão gentilmente me cedeu este belo livro.

Por fim, sinto que muito ficou por dizer, no entanto, espero ao longo desta opinião ter conseguido transmitir um pouco da marca que “A Filha do Barão” deixou em mim.



8 comentários :

  1. Fiquei curioso. Pese embora nos últimos anos e ainda hoje eu me sinta perturbado com o que é hoje a "alma lusitana". É que hoje é hoje e ontem é ontem, e tudo deve ser presente e não apenas uma figura de estilo literária. Confesso que me sinto frequentemente ressentido. Mas, relativamente ao livro, fiquei mesmo interessado e dar uma olhadinha :)

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    1. Olá Rui :)

      A verdade é que por muito que queiramos que o passado seja presente, este não deixa de ser passado. Muita coisa muda com o tempo, mas sem dúvida que há coisas que ficam. Não só na história, mas em cada um de nós. :)

      Boas viagens,
      Rosana

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  2. Olá,
    Tal como tu também não leio muitos romances históricos mas gostei dos que li.
    É sempre bom aprender-mos ou relembrar mais um pouquinho sobre o nosso passado.
    Ainda não li este livro mas estou a ver, pela tua opinião, que vou ter de acrescentar-lo à minha lista para comprar.

    http://miniestanteliteraria.blogspot.pt/

    Bjos

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    1. Olá :)

      Acho que deves! Espero que não te desiludas :).

      Boas viagens,
      Rosana

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  3. Depois de ler a entrevista e a opinião, tenho mesmo de ter esta obra, pois já vi que tanto eu como o meu companheiro vamos gostar, o que é raro :)

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    1. Olá :)

      Confesso que é muito bom ver que ler a minha opinião te fez querer ler o livro :). Espero que não te desiludas. Fico à espera depois da tua opinião. :)

      Boas viagens,
      Rosana

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  4. Essa história parece ser incrível, quero muito ler.
    Obrigada pela opinião que despertou imenso a minha curiosidade :)
    CriArte a Ler

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    1. Olá :)

      Fico contente por ter despertado a tua curiosidade. Tenho vindo a ler mais autores portugueses, e chego à conclusão que andava a perder muito ao não ler :).

      Boas viagens,
      Rosana

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