sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Opinião "A Rapariga de Antes", JP Delaney

Sinopse

'«Por favor, faça uma lista de todos os bens que considera essenciais na sua vida.»

O pedido parece estranho, até intrusivo. É a primeira pergunta de um questionário de candidatura a uma casa perfeita, a casa dos sonhos de qualquer um, acessível a muito poucos. Para as duas mulheres que respondem ao questionário, as consequências são devastadoras.



EMMA: A tentar recuperar do final traumático de um relacionamento, Emma procura um novo lugar para viver. Mas nenhum dos apartamentos que vê é acessível ou suficientemente seguro. Até que conhece a casa que fica no n.º 1 de Folgate Street. É uma obra-prima da arquitectura: desenho minimalista, pedra clara, muita luz e tectos altos. Mas existem regras. O arquitecto que projectou a casa mantém o controlo total sobre os inquilinos: não são permitidos livros, almofadas, fotografias ou objectos pessoais de qualquer tipo. O espaço está destinado a transformar o seu ocupante, e é precisamente o que faz…

JANE: Depois de uma tragédia pessoal, Jane precisa de um novo começo. Quando encontra o n.º 1 de Folgate Street, é instantaneamente atraída para o espaço —e para o seu sedutor, mas distante e enigmático, criador. É uma casa espectacular. Elegante, minimalista. Tudo nela é bom gosto e serenidade. Exactamente o lugar que Jane procurava para começar do zero e ser feliz. Depois de se mudar, Jane sabe da morte inesperada do inquilino anterior, uma mulher semelhante a Jane em idade e aparência. Enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu, Jane repete involuntariamente os mesmos padrões, faz as mesmas escolhas e experimenta o mesmo terror que A Rapariga de Antes.' - in Goodreads


Opinião

(Para não quebrar a série, eis mais um livro para a minha colecção: "Personagens ricas em psicopatologia!")

Emma e Jane são as co-protagonistas deste romance, semelhantes apenas no aspecto físico e na sua atracção pela residência do número 1 de Folgate Street. Emma é uma jovem emocionalmente instável e com traços de personalidade difíceis, que se muda para a referida casa com o namorado para fugir a uma memória traumática. Por sua vez, Jane é uma mulher mais madura e ponderada, mas que foge também a uma tragédia pessoal. Ambas são de imediato cativadas pelo excêntrico e anancástico Edward Monkford, arquitecto e proprietário da casa que ambas acabam por habitar, mas a relação com este evolui de maneira muito diferente.

A descrição do nº1 de Folgate Street e do seu ambiente é um dos aspectos mais interessantes do livro. Também o leitor se deixa entusiasmar e seduzir pelas possibilidades de uma casa que se modula àqueles que nela vivem. E, apesar de saber que não é um estilo que agrade a todos, também me atraía o minimalismo da criação de Monkford. E é um exercício interessante tentar responder às questões que este levanta.

Em relação às personagens, há um desequilíbrio muito claro na empatia que despertam no leitor. Emma, a titular "rapariga de antes", rapidamente mostra o seu lado mais perturbado, e o leitor atento consegue ler nas entrelinhas aquilo que a jovem esconde. Jane foi uma maior surpresa para mim, não desconfiei das suas motivações até ao final. Há, como em muitos dos livros de suspense, a previsibilidade do volte-face no final... mas Delaney consegue ainda assim fazer o vilão em destaque criar no leitor um cauteloso desconforto. Acompanha-nos a certeza de que Monkford é culpado de algo... o quê exactamente, não temos a certeza.

"A Rapariga de Antes" é uma leitura tão agradável como inquietante, ideal para fãs de mistério que gostem de explorar a psique das personagens.

 

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