terça-feira, 3 de março de 2020

Opinião "O Avô Tem Uma Borracha na Cabeça", Rui Zink (Ilustrações Paula Delecave)

50634937. sx318 Sinopse

O que fazer quando alguém de quem gostamos nos começa a esquecer?

Esta é a história da amizade entre um avô que lentamente vai perdendo as memórias e o neto inventor que se dedica a descobrir uma cura.

Através da sensibilidade de uma criança, chega-nos a lição mais importante: o amor é mais forte do que o esquecimento.

Opinião

Começo por agradecer à Porto Editora por amavelmente me ter cedido O Avô Tem Uma Borracha na Cabeça.

Leio pouquíssimos livros infantis por ser muito picuinhas neste género literário. Apesar de saírem novos livros a uma velocidade vertiginosa nunca me parecem aproximar-se dos clássicos da minha infância, como O Principezinho ou os Contos dos Irmãos Grimm.

Então por que razão quis ler O Avô Tem Uma Borracha na Cabeça? Porque, infelizmente, alguém muito próximo de mim começou a perder memórias quando ainda parecia ter muito tempo para criar outras novas, tão ou mais felizes que aquelas que ia olvidando. Fiquei assim curiosa como seria representada a perspectiva de uma criança face a uma doença da qual ainda sabemos tão pouco e que dramaticamente nos faz ver morrer todos os dias, lenta e dolorosamente, as pessoas que queríamos que fossem eternas. 

A mensagem deste livro é, como consta na sinopse, o amor ser mais forte do que o esquecimento, o que para mim faz muito sentido e sempre foi a máxima que me guiou no processo de acompanhar alguém com demência. As grandes conversas perdem-se, mas as palavras simples e a calma que causamos a abraçar quem amamos permanece, mesmo que quem amamos já não nos reconheça, reconhece sempre o Amor. E este é um livro incrível para que os pais possam explicar às crianças isso mesmo. 

Não lhe dou as cinco estrelas porque enquanto livro infantil não sei até que ponto é perceptível para as crianças o tipo de letra escolhido e apesar de eu ter adorado por demais as ilustrações não sei se são apelativas para a faixa etária a que se destinam. Por outro lado, talvez tivesse estendido um pouco mais a narrativa, mas a conclusão é tão bonita que todos estes pequenos defeitos são ultrapassáveis. 

"O avô tem uma borracha na cabeça? 
Pois nós somos um lápis!"

Leiam, ofereçam, comovam-se.

Não esqueçam.

Que o vosso coração não esqueça.


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