quinta-feira, 2 de abril de 2020

Opinião “O Tempo das Ilusões Perdidas”, Alain-Fournier

Sinopse:

"Um romance extraordinário sobre o amor verdadeiro, a vida em liberdade e a amizade que dura para sempre. 

O Tempo das Ilusões Perdidas (Le Grand Meaulnes, na versão original), considerado um clássico da literatura francesa e mundial, é o genial e único romance de Alain-Fournier, precocemente morto durante a Primeira Guerra Mundial. Fez sonhar mais de cinco milhões de leitores, expressando de forma única a época áurea da juventude e a transição para a vida adulta. Numa pequena aldeia francesa, o pacato François Seurel, de 15 anos, narra a história da sua amizade com o alto e exuberante Augustin Meaulnes, dois anos mais velho. Mesmo com temperamentos muito diferentes, os rapazes desenvolvem um forte laço de lealdade. Impulsivo, imprudente e heroico, Meaulnes incorpora o ideal romântico da juventude, a busca do inatingível. Todos ficam cativos da sua aparência, ousadia e carisma. Certa manhã, Meaulnes perde-se a caminho da estação onde fora buscar os tios de François. Nas suas tentativas frustradas de encontrar o caminho, chega a uma propriedade com uma casa misteriosa. Exausto, adormece. Quando desperta, vê-se envolto numa atmosfera de sonho, plena de gente e de música. E há uma bela rapariga e uma alegria que se espalha pela grande casa e que domina o pátio e os bosques em redor. Quando tudo acaba, vê na noite aquela terra desaparecer no pó que as carruagens levantam na estrada. De regresso à aldeia, conta tudo a François, e o reencontro com aquele mundo perdido passa a ser a obsessão comum. E a vida de ambos jamais será como antes.” 


Opinião:

Estes últimos meses foram repletos de leituras desafiantes, leituras que me obrigaram a procurar o seu tesouro através de um quebra-cabeças difícil de resolver. É o caso desta leitura. Inicialmente, comecei a ler a obra aos pedacinhos durante a viagem de metro para o meu local de trabalho. Encontrava-me perante uma escrita agradável, fácil de ler, mas cujo conteúdo foi inicialmente um mistério. Foi preciso sentar-me no sofá durante algumas horas para perceber de que se tratava este romance de Alain-Fournier. Se por um lado senti que a leitura não correspondeu às minhas expectativas, a verdade é que senti uma enorme necessidade de refletir sobre ela. E nada melhor do que escrever uma opinião para tal! 

“O Tempo das Ilusões Perdidas” foi um título muito bem escolhido! A história desenrola-se em torno de Augustin Meaulnes e François Seurel, duas personagens muito distintas, mas com um laço de amizade inquebrável. Como nos diz a sinopse, Meaulnes experiencia uma realidade digna de um sonho, uma ilusão numa casa misteriosa. Quando este sonho termina, quando volta à aldeia onde reside, nada volta a ser como era dantes, procurando a todo o custo encontrar o caminho de volta para aquele sonho. E este foi o ponto que mais me entristeceu durante a leitura! Se por um lado é bom lutar por concretizar um sonho, por outro, o desespero resultante da sua não concretização é assustador. Ver como Meaulnes foi alterando a sua personalidade, o seu ânimo, as suas relações, a sua vida, deixando certas coisas (também elas importantes) de lado! Por outro lado, se o altruísmo é de louvar, ver onde esse altruísmo, o cumprimento de uma promessa o levou, é extremamente doloroso. Heróico, mas triste e doloroso para os que o rodeiam. 

Sinto que faltou algo na narrativa. Sinto que precisava de ler o livro outra vez para encontrar o que me faltou, para perceber melhor todo este mistério da vida de Augustin Meaulnes. Apesar de não ter sido a leitura que eu esperava, sinto que houve um pedacinho do seu mérito que me faltou encontrar e que talvez com outros olhos, noutra altura da minha vida, o encontre! Apesar de tudo, recomendo a sua leitura, mas com os olhos e a atenção devida para a sua melhor compreensão.



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