sábado, 1 de agosto de 2020

Opinião " A Célula Adormecida", Nuno Nepomuceno

Sinopse


A Célula Adormecida
Um professor universitário vê-se envolvido num ato terrorista de dimensão mundial. As autoridades intervêm e interrogam-no. Mas enquanto as primeiras respostas começam a surgir, uma dúvida persiste: por que motivo continua ele a mentir?

Lisboa desperta para um cenário aterrador. Um bombista suicida barrica-se no interior de um autocarro e o novo primeiro-ministro é encontrado morto. Ao mesmo tempo, uma jornalista tão bela como determinada recebe um ultimato de um ente querido — é sua responsabilidade descobrir toda a verdade.

Os serviços secretos portugueses reúnem provas e concluem que uma célula terrorista adormecida está pronta a ressurgir. Com um evento internacional a aproximar-se, pedem ajuda a Afonso Catalão, um reputado especialista em Ciência Política e Estudos Orientais que já viveu no Médio Oriente. Mas é aí que acabam por se deparar com um poço de mistérios e meias-verdade ainda mais negras do que o novo ataque que está prestes a acontecer.

Pedido pelos fãs, passado durante os 30 dias do Ramadão, abordando temas atuais como a xenofobia e o racismo, A Célula Adormecida transporta-nos numa viagem deslumbrante por locais como Istambul, ou o interior da Mesquita Central de Lisboa. Inovador entre o género dos thrillers religiosos, este é não só um livro de leitura compulsiva e voraz, como também uma incursão temerária aos segredos mais recônditos da vida privada de um homem.

Opinião

A Célula Adormecida, do autor português Nuno Nepomuceno, é o início de uma série que tem como protagonista Afonso Catalão, um intrigante professor universitário e especialista em Ciência Política e Estudos Orientais. É impossível não terem ouvido falar desta obra, uma vez que a sua nova edição, com uma nova roupagem, está por todo lado!

Nunca tinha lido nada do Nuno, embora tivesse muita curiosidade para o fazer. Surgiu a oportunidade através da Cultura Editora que me cedeu um exemplar de A Célula Adormecida. Agradeço imenso à editora (e ao Nuno, claro) por me ter proporcionado uma leitura tão interessante, com um enredo intrincado e com uma escrita de um calibre ímpar no panorama nacional.

A Célula Adormecida começa com o ataque a um autocarro em Lisboa, que é reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico. Em simultâneo, o vencedor das eleições para o cargo de Primeiro-Ministro suicida-se. Mas como nem tudo é o que parece, embarcamos numa busca desenfreada pela verdade, que é tantas vezes tão inconveniente, e fazemo-lo na companhia de Afonso Catalão, um homem cheio de segredos.

O início da leitura foi bastante lento porque não tenho muita familiaridade com o tema central da obra, e senti inicialmente que estava a ser sobrecarregada de informação, mas à medida que as páginas foram avançado a fluidez foi tomando lugar até que a velocidade de leitura aumentou de forma proporcional à minha grande vontade de saber o final desta história. Uma história que mistura ficção e realidade, uma história que não teme, que diz o que tem a dizer, que nos coloca frente a nós mesmos, enquanto ocidentais, e nos relembra que ainda vivemos num mundo com muita intolerância religiosa e onde a ignorância é muitas vezes soberana. 

A Célula Adormecida fala de terrorismo, do medo, dos refugiados, dos conflitos no Médio Oriente e da guerra do petróleo. Coloca-nos, enquanto leitores, a bordo de um desses botes apinhados de esperança, mas que navegam em direcção ao abismo. O autor tenta também alertar para as responsabilidades do mundo ocidental na situação no Médio Oriente, e embora concorde com grande parte, senti que neste aspecto caiu um pouco no exagero.

Por vezes tive também a sensação de que o Nuno era um profeta da desgraça, mas a verdade é que não raras vezes os relâmpagos caem mais que uma vez no mesmo sítio e há personagens que são arrebatadas por tragédias seguidas de tragédias.

O autor não nos poupa a descrições fortes e muito gráficas de situações de violência extrema, mas também nos recompensa com os cenários além-fronteiras que nos apresenta quase como num registo fotográfico, aproveitando para nos mostrar quão fascinante é a cultura Árabe.

Fiquei sempre presa ao protagonista por ser um homem misterioso, cheio de fantasmas do passado, arrastando uma bagagem que por vezes parecia demasiado pesada para ele carregar.

A Célula Adormecida tem um final que pede mais, não tivesse eu feito a promessa de não comprar livros este ano e teria corrido a comprar de Pecados Santos!



Podem ler a Opinião da Bloguinha Rosana à edição anterior Aqui
Podem ler a entrevista que fizemos ao autor em 2017 Aqui
Mais informação sobre os livros da Série Afonso Catalão Aqui.  

Um leitura com o apoio: 

 Cultura - Nuno Nepomuceno.com

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