Sinopse
"Numa manhã de um Inverno frio e pessimista em Paris, o cosmopolita Jacinto decide regressar à sua Tormes natal, pacata vila das serras portuguesas, acompanhado por Zé Fernandes, narrador-personagem desta história. «Novela fantasista», assim lhe chamou Eça de Queiroz, A Cidade e as Serras faz um retrato dos contrastes entre a excitação da vida citadina e a genuína beleza da vida no campo. Escrita na fase final da vida do autor, esta obra viria a ser publicada apenas em 1901, um ano após a morte de Eça de Queirós."
Opinião
A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, é um bom livro, um clássico da literatura nacional, mas que infelizmente eu não apreciei. Não foi uma leitura que me tivesse entretido com facilidade ou a que eu tivesse vontade de voltar quando a parava. Lembro-me de ter gostado d'Os Maias, talvez pelo seu caráter trágico e pelos seus protagonistas. Em A Cidade e as Serras senti que as personagens eram figurantes da mensagem que o Eça queria passar, sendo o meio envolvente, a cidade e as serras, e as suas descrições, o grande protagonista desta narrativa. Assim, este texto muito descritivo e com poucos diálogos foi, para mim, algo tedioso. Porém, os amantes do autor terão certamente outra opinião.
Não ajudou também a minha edição ter uma mancha gráfica muito densa e estar repleta de gralhas que em algumas frases as tornaram incompreensíveis.
Nesta obra, Eça apresenta-nos Jacinto, um homem faminto do saber, do conforto, da civilização, mas que a cada dia vai-se embrenhando mais num pessimismo e numa tristeza como se estivesse a ser engolido, absorvido e quiçá esmagado por toda a modernidade de Paris, onde morava. Jacinto decide assim regressar a Tormes, a sua terra natal, acompanhado por Zé Fernandes, seu amigo e carismático narrador. Em Tormes, Jacinto renasce. A vida calma e simples da serra traz-lhe a tranquilidade e a felicidade que há muito o haviam abandonado.
Gostei de várias passagens da obra onde Jacinto e Zé Fernandes reflectem sobre o valor da vida, sobre o desprendimento material e se debruçam equacionando a força de apreciar o presente em cada flor que nos rodeia.
Eça deixa assim uma crítica mordaz à sociedade que ele conheceu, mas que é também um crítica à sociedade intemporal, uma crítica ao homem que nunca saciando a sua sede de saber e de bens não consegue dar o salto, como Jacinto fez, e encontrar a felicidade plena.
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